terça-feira, maio 27, 2008

BLOG DO HUGÃO + QUERIAS


Um belo dia me chega na escola um camarada (epa) meio malandro, cara de amarelinho safado que nem João Grilo, ex seminarista. Matriculado como aluno foi logo dizendo, enxerido, "vou terminar ensinando aqui." De fato. Estudou, terminou seu curso e de uma hora para outra galgou seus espaços. Terminou não somente ensinando mas dirigindo uma das unidades da escola. Como ele mesmo diz nesse simpático texto, "a vida separa as pessoas." Feito o "canhotinha de ouro" devolvo a bola bem redondinha, na medida: "a vida também faz as pessoas se reencontrarem." Bem-vindo ao Blog meu caro. H.C.


Eutrópio Édipo

Tava lá Sílvio “Doido”, que não tem nada de doido, e foi falando: “Já visse o Blog de Hugão?” Emendou: “Tá muito engraçado”.

Demorei um pouquinho para entender que ele se referia ao blog de Hugo Caldas. Rapidamente, contou a história, vista no blog, em que Hugo (himself) demitiu o próprio chefe. Eu não sabia dessa.

Pagamos o pão, paguei o meu e Sílvio o dele, e saímos da padaria. Eu, muito curioso: Blog do Hugão. Blog do Hugão. Blog do Hugão. Que nem menino pra não esquecer.

Em casa comentei com Lucia e Rodrigo, meu filho, sobre o blog, já encarregando Rodrigo de acioná-lo, que não sou muito chegado à cibernética.

Dia seguinte, avisou que já estava no ar (?) para eu ver. Dei uma espiada e logo bateu a saudade, tipo “eu era feliz e não sabia”. Surgiu lá, Hugo de chapéu, parecendo efígie de moeda e, quando comecei a ler, vi uma referência a Aline Alexandrino.

Aline ensinava na escola onde Hugo era diretor e eu ainda aluno. Sabia tudo, Aline. Gostava de detalhes, estudava muito o vocabulário inglês – nomes de flores, animais, peças de roupa, etc. Où est elle?

Depois, bateu um apertinho no peito – eu chamo “saudade de mim”. Sabe aquela saudade que verbaliza: “O café de hoje não é tão gostoso”, “Tem meia melhor que Gerson, não.” “Professor bom era o de antigamente”. É ou não é?

Aí comecei a lembrar dos tempos “quando a escola era risonha e franca”. Cadê os outros?

Saudades de Olavo. Alô Janete. Me dá ficha Mary. Como se diz...Ian? Saudades de Sílvio Pinangé. Acorda, Davi. E aí Leonardo, vamos pra onde? Saudades. Não vá me dizer que mais outros se foram.

Pois é. A vida é que separa as pessoas, alguém já disse. Que bom “ver” Hugo, ativíssimo, conversando com o mundo, como só a Rádio Jornal do Comércio anunciava. Parabéns.

Foi tão bom ter sido parte deste bando de pessoas que estavam buscando caminhos; talentosos, engraçados, inteligentes. E eu, lá, só aprendendo. Com trilha de Paulinho da Viola, Fagner, Gonzaguinha, Copinha, seu Paulo César, Canhoto e seu Orlando, tudo ao vivo. E tome Super- 8 e tome TPN, e tome cinema e tome, e tome e tome.

Quer saber? Se eu pudesse, fazia tudo voltar, lá pra Visconde de Suassuna, só por um momento. E como aluno:

Do you eat tomatoes everyday? Yes, I do.

Obrigado a todos aqueles amigos de antanho. Obrigado Hugo, meu professor. Um beijo.

Eutrópio Édipo.

PS: A propósito, cometi uns versos lembrando “figuras do meu convívio”, há uns meses. Vê aí. (caiu uma lagrimazinha agora.)


QUERIAS


Queria ser o ateu vate boêmio,

Para versejar de Deus tão melhor

que seus canhestros seguidores.


Queria ser o perene fingidor do palco,

E manter altivez blasé de nobre

no combate aos inesperados tormentos.


Queria ser o defensor ainda crente,

Para conservar o antigo ideal de estudante

Embora vivendo o mundo indiferente e pragmático.


Queria ser a doce acadêmica guerreira,

e demonstrar capacidade de ouvir sem tédio

até obviedades de ignaros pretensiosos.


Queria ser o sagaz propagador de idéias,

para exercer a ironia mais eficaz

diante de algozes que ensaiavam dobrar convicções.


Queria ser aquele eu, menino de subúrbio,

quando a pelada, um banho de mar, um gibi

e as frutas do sítio já me bastavam,

e eu, nem de longe, desejava ser nenhum outro.


Para Leonardo, Hugo, Franca, Janete e Zé Nivaldo. Cada um com sua estrofe e meu “obrigado”.

2 comentários:

Anônimo disse...

hugão,

Que legal você botar meu texto, estreei na internet. Aqueles artigos de Aline e outros estão muito pessimistas. Melhor mudar o ponto de vista. Procura ver o que tem de bom. =)

Li artigo de vicente, olavo. sabia de nada daquilo. Legal você ter ficado com ele. A gente tinha um gênio bem pertinho e quase não percebemos.


Abraço.

Anônimo disse...

Eutrópio, ainda hoje conversando com Lúcia no Mar Hotel sobre as suas memórias e do belo texto que vc havia escrito...Agora vejo-o publicado no Blog, só tenho a te dizer que não pare de escrever, tem emoção e beleza poética. Sabe, agradeço a Deus por ter vivenciado esses momentos com todos vcs. Um abraço, Mary