segunda-feira, junho 04, 2007

SONHA



CELSO JAPIASSU


Ao homem o pensamento lhe dizia sonha,

e a memória de amarras o prendia

a coisas mortas e a coisas que morriam.


Tecido em opaco, o olhar alcançava

o horizonte, as cores desmaiadas

e as demais roupagens de um dia.


A sombra desse dia anunciava a noite

e esta escondia o ritual da aurora

que trafegava num circulo sem nome.


Um rosto velho escondia-se

em outra face perdida e no silêncio

uma criança contemplava e ria.


O tempo estiolava-se ao sol

e ampliava o sonho

na própria noite onde crescia.


Éramos poucos. A madrugada

ecoava e a margem de um rio

reverbera a palavra e silencia.



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