terça-feira, junho 25, 2013

O resto é a mesma coisa

josémariaLealpaes

Pacto – salvo exceções como o espanhol de Moncloa, 1977 – é a artimanha articulada pelo governo sempre que o deslumbramento da corte se esfarela, a popularidade do príncipe ou princesa balança e a boquinha da patota amiga ou aliada, no estado politicamente aparelhado, corre risco. Com o povo nas ruas e a inquietação instalada nos palácios do poder, pacto tem pinta de truque de quem poderia impor austeridade na gestão da Repúbica desde o primeiro dia de mandato, no calor legítimo da voz das urnas. Pacto, assim definido, é o que Dilma Rousseff, atarantada com as massas nas ruas, está a propor para salvar a reeleição. Esta é a essência. O resto é a mesma coisa.

Dilma tenta apagar o fogaréu com algodão, desde que interrompeu o Jornal Nacional da Globo, para pronunciamento que me fez lembrar famoso texto de repórter paraense já falecido: “falando à reportagem, nada disse”. A presidente vai combater a corrupção como? Com o PMDB fiador da apelidada governabilidade? Com o PT corrupto desde que provou o mel do poder? Com os perfis morais de Renan Calheiros e Henrique Eduardo Alves no controle do Congresso Nacional? Com o Conselho Nacional de Justiça a torrar R$ 100 milhões com o vale alimentação para magistrados, alguns deles, coitados, também socorridos com auxilio moradia? Com os mensaleiros a surfar no drible jurídico dos embargos infringentes?Executivo, Legislativo e Judiciário no Brasil inspiram tudo menos austeridade. Não há discurso capaz de desfazer em nossas mentes a certeza de que estamos ao alcance da morte a qualquer instante se depender da proteção oferecida pelas Saúde e Segurança públicas. Quanto à Educação, o MEC petista foi capaz de produzir cartilha que ensina estar correto falar “nós vai à escola”. Não há projeto global, competente, sério, para educar e formar o cidadão crítico, essencialmente livre, portanto. Nenhum brasileiro minimamente informado manda seu filho para a escola pública, caótica do Fundamental à Universidade. Os royalties do petróleo e os bilhões do pré-Sal irão para o mesmo ralo do furto da dinheirama da transposição das águas do Rio São Francisco, da Valec do Juquinha, da quadrilha da segunda dama Rose Noronha, cortesã do aerolula. Sugeridos pelo seu, dela, criador - o ectoplasma da república do delito premiado -, Dilma anuncia milagres e extravagâncias constitucionais. O resto é a mesma coisa. À espera do esquecimento coletivo. Desde vez, parece, cutucaram as partes pudendas do Gigante.

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