domingo, junho 02, 2013

Lançamento de "Abençoada Maldição"


Djanira Silva
 

Em nada nos surpreende o livro Abençoada Maldição, onde Luiz Gonzaga Lopes narra, com mestria, uma história intrigante e bem contada. Já o conhecemos através de outras obras onde sua criatividade sempre se revela fértil e produtiva.  
       
Este autor possui grande facilidade quando se trata da narrativa linear.  Suas histórias possuem começo, meio e fim. Não ocorrem choques quanto à ordem cronológica, nem interrupções de raciocínio. Constrói seus textos a partir de fatos do dia a dia nos quais descobre elementos que só  um autor experiente consegue descobrir.  
       
No prefácio a este livro, Ana Maria César, chama a atenção do leitor para o fato de que o protagonista não tem nome. Na verdade o autor não nomeou nenhum deles. Sem nome, é como se não possuíssem rosto e sem rosto não têm voz. Transitam como sombras dentro da narrativa, fato que em nada desmerece o valor da obra, muito pelo contrário, este particular coloca nas mãos do narrador a responsabilidade de agir como o diretor de uma peça dirigindo atores. Quanto a isto podemos ainda acrescentar que ele possui habilidade suficiente para estas permissividades que são artifícios próprios da literatura.
        
Luíz Gonzaga Lopes é um escritor incisivo, objetivo e consciente. A narrativa se desenvolve num mesmo plano. Os acontecimentos são interligados e coerentes. Há uma consciência objetiva que lhe permite desenovelar todos os fios da trama sem confundir os elementos que a compõem.
      
É interessante observar os movimentos dos personagens. A cara-metade à espera do momento certo para entrar em cena. O jardineiro cuja sombra parece entrar pela janela e depois de fazer parte de um final chocante desaparece como a sombra que sempre foi. E, assim por diante, a mãe, o menino salvo de um acidente, o delegado, o dono da pedra maldita.
     
Personagens silenciosos e, paradoxalmente, eloquentes, criados por um autor onipresente que comanda todas as ações.
     
Parabéns a Luiz Gonzaga Lopes por mais um livro que, merecidamente, deverá ser bastante lido.

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