quarta-feira, maio 01, 2013

Calçadas perigosas

Plínio Palhano
É o que posso dizer em relação às nossas calçadas na cidade do Recife. Infelizmente, este é um drama que vivemos há longos anos. E esta é a preocupação do atual prefeito, Geraldo Julio, com 100 dias de governo: resolver o grave problema criando leis que possam restaurá-las. O desleixo foi das administrações anteriores, principalmente dos últimos doze anos. É lamentável.

No dia 20 de fevereiro, à tarde, caminhando no bairro da Encruzilhada, após compras no mercado público, com as mãos ocupadas carregando sacolas, quando ia atravessando um sinal para alcançar outra calçada, levei uma topada e caí com o ombro direito. A dor foi expressiva porque não tive tempo de me proteger, largando as sacolas para utilizar as mãos como meio de defesa: espatifei-me no chão quente e logo fui cercado por pessoas sensibilizadas com aquele “senhor” caído pelas vias das más traçadas calçadas. Alguém perguntou: “O senhor pode se levantar?”. “Meu Deus”, pensei, “finalmente as calçadas me derrotaram!” “Não”, respondi e devolvi: “O senhor pode me ajudar a levantar?”. Assim foi feito. E continuei a caminhada solitária com a dor atroz, segurando as sacolas em um só braço. Bem, aí continuou a via-crúcis.

Só no dia 22 fui a um grande hospital, no setor de emergência. O médico identificou, através de radiografia, três fraturas e me encaminhou para realizar uma cirurgia de emergência. Passei dez horas em jejum, fui hospitalizado, realizei todos os exames pré-operatórios. Já no quarto hospitalar, com a bata ridícula, touca e pantufa própria para cirurgia, recebi a visita do anestesista; perguntou-me se estava em jejum, há quantas horas, etc. e entrou na conversa que o interessava: “Senhor Plínio, tenho um assunto que considero constrangedor”. Fiquei curioso com o “constrangimento”. E aí ele foi direto. “Terei que cobrar ao senhor R$ 1.500,00 por fora, porque o seu plano não cobre o meu trabalho.” Então, disse-lhe: “Meu caro, quem está constrangido sou eu por ser oneroso o plano e ter que lhe pagar ainda esse valor; sendo assim, não farei a cirurgia”. E o anestesista terminou dizendo que aguardasse os instrumentistas, porque eles viriam também cobrar o “cachê” deles. Tudo confirmado pelo chefe da equipe cirúrgica. Fiquei com a cara no chão — mais uma queda!

Neguei o pagamento, saí daquele hospital e fui cirurgiado em outro, com outra equipe, diria de competentes e bons médicos, não corporativistas nem mercenários. O plano negou as más informações dos primeiros médicos, e o grande hospital admitiu o erro.

Plínio Palhano é Artista Plástico
ppalhano@hotlink.com.br

2 comentários:

Márcia Barcellos da Cunha disse...

Hugo,

É absurdo do absurdo um fato como este. É uma verdadeira MÁFIA!!! Como é comum situações como esta! O que salva é saber que não são todos iguais.
Vivi junto com meu filho situação semelhante quando precisou ser operado no ano passado... Um horror!!! Grande abraço. Márcia

Mary Caldas disse...

Plínio amigo,

Quero prestar minha solidariedade a você pelos dois acontecimentos.
Os buracos nas calçadas da cidade do Recife, um perigo, no qual você foi vítima de um deles.
Outro lamentável incidente é a máfia do colarinho branco da qual o nobre amigo saiu ileso.
Espero seu pronto restabelecimento.
Abraço grande, Mary