Bye, bye Bento!

Téta Barbosa

“Quando chegará, Senhor, o dia em que virás a nós para reconheceres os teus erros perante os homens?”.

A pergunta de Saramago, no livro O Evangelho Segundo Jesus Cristo, ecoa abafada pelos corredores sombrios da nossa história católica apostólica romana. Porque se Ele, todo poderoso e onipotente, assiste impassível ao caos instalado na Terra, é porque, colega, está na hora de pedir, Ele também, demissão.

Se ninguém sabia que Papa poderia pegar o beco, é possível que Deus já tenha feito o mesmo há alguns séculos. Sei lá, foi ali comprar cigarro e errou o caminho de volta. Afinal, ser Deus deve ser bem cansativo; salvar os homens, afastá-los das tentações, amar sem discriminação e ainda fazer seu time ganhar na final do campeonato, não é para os fracos. Então Deus, cansado de tanto pedido besta, como ganhar na loteria, ficar famoso ou tirar o Santa Cruz da décima terceira divisão, se aposentou. Prefiro imaginar isso, a conceber a ideia do Todo Poderoso, sentado em trono de ouro, vendo o circo pegar fogo aqui por baixo. Quando digo pegar fogo, incluo a boate Kiss em Santa Maria, e outros incêndios menos ao pé da letra, como a pedofilia entre as quatro paredes sagradas da Igreja.

O Papa Bento, assim como Deus, não aguentou a pressão, verdade seja dita, e pediu pra sair.

- Para que eu quero descer!, gritou o pontífice antes de ser assassinado pela máfia. Provando que #NãoEstáFácilParaNinguém e que ser Papa, hoje em dia, é uma barra.

Pouco me importa, para ser sincera,o real motivo da demissão papal. Acho que ele largou tudo para viver feliz para sempre ao lado do mordomo x9, aquele que fez a casa cair lá em Roma. Minha preocupação, no momento, é saber quem vai viver o papel do papa-desertor na produção Hollywoodiana. Posso apostar que Anthony Hopkins fará o papel principal, deixando para Daniel Day Lewis o personagem do mordomo italiano bonitão.

O que me atordoa, no entanto, é porque, oh porque, os homens ainda permitem que a Igreja Católica, mesmo depois de tanto vacilo, reine rica e intacta, no mundo Ocidental.

Aguardemos as cenas dos próximos capítulos, quando, depois de fumar o cachimbo da paz e produzir a fumacinha branca que se espalhará pelo céu de Roma, saberemos o nome do próximo escolhido ao cargo. Porque, né, a fila anda.

A seguir, um vídeo que eu já postei aqui, num passado remoto, quando papas não desistiam, mas que faz muito sentido eu postar de novo. George Carlin e sua divertida teoria de que “Religion is bullshit”.