Ronaldo Monte
Vamos falar de Solha. Tudo bem, mas de qual Solha?
Porque temos o Solha romancista, o poeta, o ensaísta, o cronista. Temos também o Solha ator de
teatro e cinema, o letrista, o pintor... Mas tem um determinado Solha que é maior do que todos
esses outros: o Solha leitor.
Um outro Solha, o conversador, me contou que, há muito
tempo, uma luz acesa, numa constância sem igual, assombrava aquela gente da cidade de Pombal.
Debaixo
dessa lâmpada estava o bancário W. J. Solha que varava as noites devorando todos os livros que
lhe caíam nas mãos. Ele estava encantado com a qualidade cultural das pessoas da pequena cidade paraibana que
lhe emprestavam os clássicos nacionais e estrangeiros.
Até que um dia, por conta do acúmulo de noites
insones, o leitor voraz desmaiou a caminho do expediente no Banco do Brasil.
Até hoje Solha lê. E lê muito. E porque muito lê,
muito escreve. E escreve também sobre o que lê. Um dia desses, eu estava no quiosque dos Correios do Bairro dos
Estados, postando uns exemplares do Baú do anão, meu último livro de contos.
Como acontece de vez em
quando, lá estava Solha com um monte de exemplares do seu último livro (não sei se ainda é o último)
para enviar a alguns privilegiados.
Aproveitamos para trocar figurinhas.
Dei a ele o meu Baú e ganhei um exemplar da sua
coletânea “Sobre 50 livros (brasileiros/contemporâneos) que eu gostaria de ter assinado”.
Deixei o livro na cabeceira para ir mordendo aos
poucos. São comentários, alguns tendendo para o ensaio, sobre obras das mais diversas categorias. Livros de
poemas, contos, romances e memórias, recebem o olhar calejado de Solha, mostrando o que o leitor comum não vê.
O mais importante deste livro é que Solha não se
deteve a resenhar ou comentar apenas autores consagrados que viessem corroborar o seu refinamento de leitor.
Tem gente que
somente uns poucos leitores paraibanos conhecem. Claro que não
concordo com algumas escolhas, mas isto não tem a
menor importância. Mesmo porque sou autor de um dos livros comentados, o romance “Memória do Fogo”. E para mim é
um grande privilégio ter roubado algumas horas de sono deste leitor inveterado.
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