Anco Márcio de Miranda Tavares
Em 09/04/2012 às 13:19
Ela era menina. Menina mesmo desssas de andar descalça pelas ruas e bater pelada junto com os meninos. Passava na minha porta, olhava pra mim, sorria e ia fazer compras para casa no mercadinho. Voltava sempre com um pirulito na boca, com certeza com o que sobrava das compras que lhe mandavam fazer.
Passava pra escola do governo com sua farda azul e branco, e uma pesada mochila nas costas frágeis. Quase sempre só, ou por vezes acompanhada de amiguinhas. Quando passavam pela minha casa e eu estava na porta, davam juntas, um sorriso e um aceno.Afinal de contas eu tinha e tenho idade para ser o pai de todas.
Um dia eu notei que a menina cresceu um pouco. Deu aquele estirão como chama a ciência... Passou a ficar mais tímida, a andar de cabeça baixa e nem mais sorria quando passava pela minha porta. Por baixo da blusa, cresciam dois pontinhos salientes, como dois furúnculos...
A menina que eu nunca soube o nome estava crescendo, virando uma moça, virando uma mulher, a lagarta tinha se transformado numa linda borboleta e eu nem tinha observado!!! Também, ela cresceu tão depressa não deu para que eu acompanhasse seu rítmo!! Pareceu um passe de mágica...!
Um dia eu a vi na pracinha de frente de mãos dadas com um meninote ainda imberbe. Devia ser seu primeiro namorado. Passaram por mim e ela sorriu um sorriso encabulado, como se estivesse envergonhada do que fazia, ou tivesse que me dar satusfações de seus atos, quando nada disso acontecia...
E ela foi crescendo, crescendo, virando mulher e hoje passa na minha porta com seus mais de um e setenta, rosto maquiado e andar de mocinha.Somente uma coisa guardou da infância, o sorriso de menina com os dois incisivos centrais bem separados... Ela se tornou mulher e eu nem notei...
http://ancomarcio.com/site/ |
Nenhum comentário:
Postar um comentário