Eduardo Almeida Reis
Medicina em foco – Deu nos jornais: a partir de agora, médicos ingleses serão obrigados a fazer provas de reciclagem de cinco em cinco anos. Não se trata de reciclagem de papelão ou de garrafas pet, mas da formação complementar dada a um profissional da medicina, que lhe permita adaptar-se aos progressos industriais, científicos, pedagógicos etc.
Essa notícia vem ao encontro do que tenho escrito aqui: não existe a figura do profissional que estudou medicina, porque os bons médicos continuam estudantes. No Rio do meu tempo, havia um clínico que cobrava o dobro do preço das consultas dos médicos mais caros. Iniciais S.K. Dizia o doutor S.K. que preferia atender menos para poder estudar mais.
Desde que me desavim com os presidentes de conselhos municipais, estaduais e federais de uma especialidade médica, isto é, seus presidentes se desavieram comigo, passei a desconfiar dos médicos que não têm competência para aparecer como profissionais e se dedicam a refulgir dirigindo conselhos.
Acabo de ouvir no rádio o presidente de um destes conselhos federais de medicina, aliás uma Sociedade Brasileira, o doutor Daniel, dizendo que cinco gramas de sal de cozinha correspondem a “duas” gramas de sódio. Falou duas gramas, como também falou uma grama, ouvi perfeitamente e fiquei na maior tristeza: como pode um médico formado ignorar que grama, unidade de medida de massa no sistema c.g.s., equivalente a 0,001 kg [símb.: g] é substantivo masculino?
Substantivo feminino é a grama-comum, Cynodon dactylon, não por acaso chamada capim-de-burro. E o sujeito estuda medicina, é diplomado, luta para se eleger presidente de um conselho federal e fica todo prosa ao ser entrevistado pela jovem radialista, quando seria muito mais fácil continuar pastando.
A entrevista foi motivada pelo fato de os gênios do governo federal descobrirem, com atraso, que o cloreto de sódio ou sal de cozinha mata. Ora, bolas, poluição, tabaco, trânsito, bactérias do hospital de Betim, MG, tiroteio, sopa ou café com leite injetados na veia, tudo mata. Viver mata e os médicos que só aparecem porque dirigem conselhos também são muito perigosos.
Descobertas – O Google tem mais de oito milhões de entradas para descobertas – repito, oito milhões! – motivo pelo qual fica meio difícil analisar meia dúzia delas para comparar com as duas que fiz, num só dia, no principinho de dezembro de 2012.
Visando a simplificar a vida dos estudiosos esclareço que as palavras-chaves das minhas descobertas são duas: janela e álcool. Descobri que aquelas janelas de alumínio, padronizadas, que correm sobre trilhos, têm uma porção de furinhos misteriosos e são encontradas em todas as lojas de materiais de construção – deixam passar um ventinho muito razoável, sobretudo quando venta e o dorminhoco está nu.
Ventava à ufa depois de um dia quentíssimo, fechei a janela de alumínio e o ambiente do quarto ficou razoável, ressalvada a barulheira das coisas que avoavam no entorno do edifício. Não creio que as tais janelas sejam vendidas nas lojas de materiais para residências das classes A, B, C, D e talvez E: portanto, só existem nas lojas destinadas às construções das classes F para baixo. Vieram parar nas janelas aqui do apê, porque o arquiteto que o projetou foi o mesmo que desenhou a escada interna: uma besta com diploma de arquiteto. Contudo, acertou por tabela quando a noite é quente e sopra um ventinho.
Outra descoberta no mesmo dia, mas pela hora do almoço, foi da importância de parar de beber, sobretudo e principalmente quando o sujeito tem mais de meio século de alcoolismo social. Fazia calor. Peguei um copo de cristal e tomei, antes do almoço, um litro de cerveja holandesa de 7,9% por volume. Fiquei numa alegria, numa loquacidade que o leitor nem pode imaginar. Morando sozinho, telefonei para as filhas dando notícia do pileque. Depois, dormi na poltrona da sala diante da tevê ligada e acordei numa felicidade indescritível. Difícil, mesmo, foi apanhar celular, controles da tevê e telefone sem fio caídos por baixo dos móveis.
O mundo é uma bola – 13 de dezembro: faltam 18 dias para acabar o ano. Em 1545 teve início o Concílio de Trento, considerado um dos três concílios fundamentais da Igreja Católica, convocado pelo papa Paulo III para assegurar a unidade da fé e a disciplina eclesiástica, com a Europa dividida pela Reforma Protestante, razão pela qual tem sido denominado Concílio da Contrarreforma.
Em 1865 o Paraguai declara guerra ao Brasil: deu no que deu, para ensinar aos guaranis que ninguém deve declarar guerra num dia 13. Em 1962, a Tanganica se torna independente da Inglaterra e se transforma na Tanzânia, com evidente prejuízo para todos os que estudamos as pastagens brasileiras e já estávamos acostumados ao colonião de tanganica. Em 1974 Malta se torna uma república. Vendiam-se no Rio de antigamente comendas da Ordem de Malta, muito procuradas e valorizadas. Em 1981, o Flamengo conquista o campeonato mundial de clubes ao vencer o Liverpool por 3 x 0.
Hoje é o Dia do Marinheiro, do Pedreiro, do Engenheiro Avaliador e Perito, e o Dia Nacional do Forró.
Ruminanças – “Não é a poluição que está prejudicando o meio-ambiente. São as impurezas no ar e na água que fazem isso” (Luiz Inácio Lula da Silva).
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