Mary Zaidan
Um
favorzinho aqui, outro acolá. Nomeações, falsificações, tráfico de
influência, e sabe-se lá mais o quê. Na semana em que a Suprema Corte
encerrou a dosimetria das penas dos réus do mensalão, pela primeira vez
decidindo mandar poderosos para a cadeia, a estrela foi Rosemary
Noronha. Ou simplesmente Rose, ex-chefe do gabinete da Presidência da
República em São Paulo, que se vangloria da intimidade com Lula, e que
por 12 anos secretariou o agora condenado José Dirceu.
Perto dos
crimes do mensalão, os “malfeitos” de Rose parecem pecadinhos, quase
risíveis. Mas a naturalidade com que foram cometidos vai além da
conhecida confusão do petismo entre o público e o privado. Expõe, em
miúdos, como o PT apoderou-se do Estado.O PT tem muitas Roses.
E o aval à prática veio de cima. Em 2004, a primeira-dama Marisa Letícia achou natural fazer nos jardins do Palácio da Alvorada uma estrela de cinco metros de diâmetro com sálvias vermelhas. Estrela, aliás, que continuava lá quando Dilma Rousseff assumiu a residência oficial.
Menos folclóricos e mais lucrativos foram o aporte milionário da Telemar, hoje Oi, para a Gamecorp, empresa do filho de Lula, ou os negócios da família Erenice Guerra, substituta de Dilma na Casa Civil e amiga da presidente.
A lista de exemplos parece não ter fim.
Dilma foi rápida para demitir os citados no Rosegate, preservando a imagem de faxineira implacável. E antes que a água lhe roçasse o pescoço fez saber que pretende fechar os gabinetes da Presidência que ela própria criou em Belo Horizonte e em Porto Alegre.
O escritório de BH, que como o de São Paulo funciona em um andar de um Banco do Brasil cada vez mais dominado pelo governo de plantão, a presidente entregou para Sônia Lacerda Macedo, colega de ginásio e de armas. Nunca foi lá. Para o de Porto Alegre, que nem foi instalado, designou Cristian Raul Juchum em maio de 2011.
Os chefes regionais são remunerados mensalmente e nada fazem, pelo menos visível ao público pagante. Mas até Rose vir à tona, Dilma achava normal ter estruturas para atender a si nessas cidades, sob o argumento “republicaníssimo” de que nasceu em uma e fez política em outra.
Ou seja, por mais que finja tentar, nem Dilma escapa da República de Roses.
Mary Zaidan é jornalista, trabalhou nos jornais O Globo e O Estado de S. Paulo, em Brasília. Foi assessora de imprensa do governador Mario Covas em duas campanhas e ao longo de todo o seu período no Palácio dos Bandeirantes. Há cinco anos coordena o atendimento da área pública da agência 'Lu Fernandes Comunicação e Imprensa, @maryzaidan
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