josémariaLealpaes
“No chamado Supremo, o tempo-processo contraria o dinamismo das horas, a exigência da História, e os crimes prescrevem ante o imobilismo ensoberbecido ou empavonado das togas.” – agosto de 2007
De agosto de 2007 - ao aceitar a denúncia do Procurador-Geral da República e transformar em réus a quadrilha chefiada por Zé Dirceu - ao dia de ontem, o último do julgamento do mensalão, o Supremo Tribunal Federal fez o Brasil viver momento de afirmação democrática sob um império, o da lei. Do conceitual ao real, do doutrinário ao popular, aos olhos da sociedade brasileira, quiçá da internacional também, o julgamento do mensalão resultou em monumental absolvição do próprio STF. Eu, os peixes, a janela e você, leitor/a, esperamos que a sensação e o cenário por mim descritos no artigo a seguir sejam peças de passado que a civilização e a modernidade não comportam nem abrigam, salvo nos livros da História.
Agosto - Algo além do fedor
Quarenta ladrões de colarinho, alguns com a estrela branca do PT na camisa vermelha, começam a ser julgados, hoje, pelo STF, que decidirá se aceita ou não a denúncia da Procuradoria-Geral da República para transformar os quadrilheiros em réus. O Supremo tem a oportunidade de desfazer a suspeita generalizada de se portar como refúgio de patifes impunes, em vez de guardião da Constituição. Ali, na Suprema, já vimos de um tudo um pouco, como se diz no Pará: presidente grileiro; ministro branco a desafiar ministro negro para duelo; ministro-presidente a revelar fraude no corpo da lei maior - meia dúzia de dispositivos colados na Carta Magna (?) pelas costas dos constituintes de 1988 - , esse mesmo ministro a transformar a Corte em anexo do Palácio do`Planalto, que, agradecido, o recompensou com a patente de generalíssimo. No chamado Supremo, o tempo-processo contraria o dinamismo das horas, a exigência da História, e os crimes prescrevem ante o imobilismo ensoberbecido ou empavonado das togas. Há dois anos, a gangue do mensalão flana, desafia e debocha das instituições republicanas. Aos olhos do homem de bem, de caráter e de vergonha, Brasília ergue-se sobre um monturo de iniquidades e extravagantes patifarias, onde tudo exala farsa, todos parecem falsos e algo fede além da podridão do reino petista. Que nada tem de Dinamarca.
22.8.07
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