W. J. Solha
A taxa de mortalidade da Europa está pra se tornar maior que a da natalidade. Em 2035, o número de habitantes do continente atingirá o pico de 521 milhões, começando então a cair No Brasil isso se dará um pouco mais lentamente, segundo o IBGE, que prevê para 2038 o ano em que começaremos a ser cada vez menos.
Trata-se de um acontecimento único na História, que me deixa otimista quanto aos rumos da Humanidade. Ecossistema rearrumado, mais riquezas e tecnologia por cabeça. Será a Idade de Ouro que previ em 92 nos versos do concerto “Os Indispensáveis”, música de Eli-Eri Moura. “A dor morreu em paz e a miséria ficou pra trás”. Imagine que, finalmente, à custa de muita poluição, de um rombo na camada de ozônio, da devastação de matas e da extinção de tantas espécies, vamos chegando ao cumprimento do Gênesis 1.28 quando seu delirante autor ficcionou a cena de um Criador dizendo ao primeiro casal – “Crescei e multiplicai-vos, enchei a Terra e sujeitai-a, dominai sobre os peixes do mar, sobre os pássaros do céu e sobre todos os animais que se movem na terra.”
É instigante o fato de que se começou a perceber o desastre da superpopulação no exato momento em que Gregory Pincus teve aprovada a venda da primeira pílula anticoncepcional – Enovid-10. A partir daí, os códigos morais, religiosos e econômicos que reprimiam os homens e principalmente as mulheres desintegraram-se. Surgiu a Revolução Sexual, separando a transa da procriação. Com isso, a taxa de natalidade, que em 1960 era 6,3 filhos por mulher, hoje é de 1,8. O casal não está mais se repondo.
Acaso? Trabalhávamos com máquinas de escrever Remington e calculadoras Facit acionadas a manivela, quando entrei no BB em 62, e terminei a carreira, em 90, vendo a contabilidade de 350 agências do Pernambuco, Paraíba, Rio Grande e Alagoas transferida para os computadores do Recife, o desenvolvimento da tecnologia acompanhando o aumento do número de clientes, de 6 milhões em 1995, para 30 milhões, com ainda maior crescimento do número de suas operações.
A primeira coisa que me vem à mente, pesando esses dados, são as constatações do “Fenômeno Humano”, livro escrito entre 1938 e 40 e publicado – postumamente – em 59, pelo Padre Pierre Teilhard de Chardin, onde, diante da ocupação crescente da Terra pelo Homem e do avanço das comunicações, desenvolveu a teoria de uma evolução que partira do caos primordial, chegara ao despertar da consciência humana, a que se seguirá... bem... uma Noogênese, quando todo o pensamento humano será integrado numa única rede inteligente, que acrescentará mais uma camada em volta da Terra: a Noosfera. Ele prevê aí, levando em conta a expansão populacional e a limitação disso que a esfericidade da Terra impõe, uma... acomodação das relações humanas e o fim da guerra de todos contra todos, detectada por Hobbes no “Leviatã”
Quem viver, verá.
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