Carlos Chagas
Tem um problema ético solto por aí. Aliás, presente desde que o mundo é mundo, mas agora à vista de todos. A obrigação do advogado é defender o cliente. Jamais negar ajuda aos aflitos que o procuram. Mas pode mentir? Enganar a sociedade, e enganar-se, por conta do princípio fundamental que rege a profissão?
Fala-se do julgamento do mensalão.
O país assiste a maior sucessão explícita de mentiras de que temos notícia desde a proclamação da República.
“Foi tudo caixa dois de campanhas eleitorais.”
“Não houve dinheiro público na operação.”
“O Lula não sabia de nada.”
“José Dirceu jamais cuidou do PT, depois de empossado na Casa Civil.” “Delúbio Soares não distribuía recursos a deputados em troca de apoio ao governo.”
“Marcos Valério nada tinha a ver com o Banco Rural.” E quantas outras barbaridades tem sido perpetradas no plenário da mais alta corte nacional de justiça?
Calcula-se que 150 advogados empenham-se na defesa dos mensaleiros, com 38 mais expostos porque comparecem à tribuna do Supremo Tribunal Federal. Haverá um só deles capaz de acreditar nos argumentos que sustentam? Em sã consciência, conseguem olhar-se no espelho, mesmo embaçado pelos vultosos honorários recebidos? Encena-se um dos maiores festivais de mentira verificados no país.

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