sexta-feira, agosto 03, 2012

Tiro&Queda 3.8.12 sexta-feira

Eduardo Almeida Reis
  
Grande novidade! – O Instituto Paulo Montenegro e a ONG Ação Afirmativa, depois de longos e demorados estudos, constataram o óbvio: 38% dos universitários do Piscinão de Ramos “não dominam habilidades básicas de leitura e escrita”.

Parece-me que um erro de digitação, de resto muito comum, provocou a troca dos algarismos na porcentagem acima: a realidade anda em torno dos 83%. E tem mais: ex-universitários, hoje bacharelados, mestrados e doutorados, não só no Brasil como no resto do planeta, são fracotes em matéria de leitura, escrita e raciocínio.

Contei-lhes faz tempo e repito hoje um fato assustador. A engenharia da PUC-Rio sempre figurou entre as melhores escolas do país e tinha no penúltimo ano do curso a cadeira de mecânica dos solos. Pois muito bem: o professor Braz Alberto Gravina, meu vizinho de fazenda, assustado com alguns dos seus alunos, convocou equipe da área psi da mesma PUC para submeter os quase doutores aos testes que julgasse necessários.

Resultado dos testes psi: 3% dos alunos do 4º ano da engenharia da PUC-Rio – repito: da PUC-Rio... – eram débeis mentais! No ano seguinte seriam engenheiros formados. A julgar pela universidade carioca, uma das três melhores do Brasil, os números nacionais devem andar acima dos 40%, como é fácil confirmar pelo que se vê e se ouve por aí.

Às voltas com a mecânica dos solos de imenso edifício que pensa construir, vitorioso empresário mineiro anda contratando e demitindo em média seis engenheiros por... semana! Foi o que me contou velho amigo dele. Os solos belo-horizontinos sempre foram muito complicados. Há trechos em que as construtoras ficam tirando água durante meses e ainda resta bela mina, dizem que de água potável.

Donde se conclui, à luz do nosso respeitado philosophar, que o ensino superior brasileiro caminha a passos largos para o terreno sáfaro e agreste, que só da urzes, também conhecido como urzal ou brejo.

Parentescos – Nada mais diferente que dois irmãos, ressalvados os gêmeos univitelinos que não estudei. Limito-me aos irmãos do mesmo sexo, filhos dos mesmos pais. Ainda que o ambiente em que foram criados tenha sido o mesmo, ou muito parecido, as diferenças genéticas podem ser abissais.

Tenho pena dos irmãos dos craques. Evito citar pessoas, o que poderia ser pouco simpático. Por isso, me limito aos cavalos de corridas. Havia no Rio um bicheiro, sujeito encantador, dono de hotéis, empresas e outros imóveis, grande comprador dos potros refugados pelo haras da família Paula Machado.

Bicheiros de antanho eram sujeitos civilizados, que, entre outras atividades, bancavam o jogo inventado por João Baptista Vianna Drummond (1825-1897), o barão de Drummond. Nada tinham de parecido com os atuais contraventores cheios de seguranças e carros blindados, que se matam por qualquer motivo e até sem motivo algum.

Ao levar os potros do haras paulista para o Hipódromo da Gávea, no Rio, a família Paula Machado separava os animais promissores, que defenderiam as cores de sua coudelaria, e leiloava os potros aparentemente piores. Acontece que o bicheiro se encantou com um potro reservado, que os criadores acabaram vendendo, porque tinham no haras um irmão inteiro do cobiçado, um ano mais novo, que iria para o Rio no ano seguinte.

Resumindo, sem citar os nomes do bicheiro, que conheci pessoalmente, e dos potros, que vi correndo na Gávea. O irmão mais velho, vendido ao contraventor, foi craque famoso; seu irmão inteiro, isto é, de pai e mãe, nunca venceu uma corrida.

Filhos de pessoas geniais, pai ou mãe, raramente puxam aos pais. Fui colega de trabalho de um rapaz assim. O pai era cavalheiro de muitas virtudes. Tenho aqui nas estantes vários dos seus livros. O filho, coitado, se caísse de quatro não se levantaria. Medíocre, fez carreira num banco oficial com as credenciais do seu sobrenome, e só elas. Se não morreu, deve estar aposentado numa faixa de R$ 18 mensais.

O mundo é uma bola – 3 de agosto de 1492: zarpa de Palos de la Fontera, Espanha, a frota comandada por Cristóvão Colombo composta de três caravelas, Santa Maria, Pinta e Nina, viagem que culminou com o descobrimento da América e, por via de consequência, dos charutos que muito me agradam.

Em 1589 Henrique da Navarra é coroado rei da França com o falecimento de Henrique III, apunhalado por um frade que recebera na privada. Pois é: reis franceses davam audiência no trono matinal e o terceiro Henrique foi apunhalado, coitado. Cavalheiro fino, usava talheres para comer e tomava banhos, ao passo que o quarto Henrique andava sujo “como homem”, fedia a carne estragada e, suponho, comia com as mãos.

Em 1767 tropas da Birmânia invadem o Sião, atual Tailândia, onde conto com uma porção de leitores brasileiros, inclusivamente uma jornalista da BBC, de 30 aninhos, feminista, que verbera o meu texto por machista (sic).

Em 1920, nas Olimpíadas da Antuérpia, o tenente Guilherme Paraense ganha a primeira medalha de ouro brasileira da história dos Jogos Olímpicos, na prova de tiro com revólver a 30 metros.

Ruminanças –
“Certos diplomas são muito perigosos, porque os diplomados pensam que aprenderam alguma coisa e que têm jeito para a profissão” (R. Manso).

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