domingo, julho 01, 2012

Que Fim Levou Leslie Howard?

Hugo Caldas

Fazia uma pá de tempo que não se ouvia sequer falar dele quando acidentalmente, ao assistir mais uma vez, "E O Vento Levou", uma enxurrada de informações e perguntas. O que foi feito de Leslie Howard?

De pai judeu húngaro e mãe judia britânica, Leslie Howard Stainer, conhecido simplesmente como Leslie Howard, foi um ator britânico. Trabalhou como bancário até se alistar no exercito logo no início da 1ª Guerra Mundial atividade que foi forçado a interromper em 1917 por causa do estresse em combate. De volta à Londres, alguém o aconselhou a entrar para o teatro como forma de terapia. Logo estaria fazendo sucesso em Londres e Nova Iorque, encarnando papéis de inglês típico. De fato Mr. Howard era tido como o típico ator inglês da estirpe de um Alec Guiness, Lawrence Olivier e David Niven. 


Em 1939 Howard interpretou Ashley Wilkes, o amor obsessivo de Scarllet O'Hara em "E o vento levou", personagem que ficaria para sempre associado a sua figura elegante. Até hoje não consegui entender bem o milagre perpetrado por Hollywood ao transformar um inglês em um comedido gentleman sulista durante a Guerra Civil Americana. Aliás, Vivien Leigh também inglesa (casada com Olivier) passou para trás várias damas de prestígio dentro do cenário hollywoodiano no rigoroso teste para interpretar a "Scarllet O'Hara". E o sotaque?!  Bom, isso já se constitui em assunto para uma futura postagem.

Com o advento da segunda guerra mundial, Mr. Howard se integrou definitivamente ao esforço de guerra britânico, dirigindo filmes, escrevendo artigos, participando de programas radiofônicos até  morrer aos 50 anos de idade, quando o avião civil da BOAC, em que viajava de Lisboa para Londres, foi abatido por caças alemães sobre o Golfo de Biscaia.

No comando de poderosíssimos caças Messerschmitt da Luftwaffe e em que pese a fidalguia e o cavalheirismo ainda existentes entre pilotos, alguns se revelavam verdadeiros facínoras, bandidos, arruaceiros, deliquentes, useiros e vezeiros em sair em bandos de franco-atiradores, a derrubar o que lhes aparecia pela frente. Os casos do bandleader americano Glenn Miller e do escritor francês Saint-Exupéry são exemplos conhecidos. Ambos abatidos sobre o Canal da Mancha. Sem quê nem para quê!

Espiões alemães em Lisboa, avisados pelos quinta-colunas portugueses confundiram o agente artístico de Howard, Alfred Chenhalls, corpulento fumador de charutos e emérito bebedor de uísque, com Winston Churchill e aí deduziram ser o primeiro-ministro britânico regressando anônimo do norte de África. Tudo deveria parar por aqui não tivesse eu implicado com o "engano" dos espiões alemães em conluio com a Quinta-Coluna portuguesa. Decidi fazer uma pesquisa...

A pesquisa demonstrou que a Quinta-Coluna portuguêsa não estava tão errada assim! A história de Leslie Howard toma contornos de script de filme B.

Diz a lenda que Howard estava voltando de uma missão ultra-secreta. Havia ido à Espanha a fim de convencer o General Franco a se manter neutro, coisa que acabou por acontecer, a Espanha se manteve fora das hostilidades, e pelo menos teoricamente não fez parte do famigerado Eixo, formado pela Itália, Alemanha e Japão.

Um escritor espanhol chamado José Rey Ximena publicou um livro sobre o affaire e atesta para os devidos fins que Howard era um espião sim, e cita Conchita Montenegro, um ex-amor de Howard, atriz menor e dubladora do cinema espanhol, como o canal apropriado para chegar até Franco.

Conchita, era casada com Ricardo Giménez-Arnau, encarregado das relações exteriores do Partido Falangista que deu o devido suporte ao golpe de Franco contra o governo da República. Foi através da família de Ricardo Gimenez que ocupavam vários cargos no regime de Franco que Howard conseguiu chegar ao ditador. Diz ainda José Rey Ximena, que confirmou a historiada toda quando de uma vista à própria Montenegro um pouco antes da sua morte aos 95 anos.

Afirma ainda Conchita, à José Rey Ximena que a visita à Franco discorreu sobre trivialidades. Se ele iria ou não fazer o papel de Cristóvão Colombo em um filme espanhol. Franco se interessava por cinema. O fato de um astro do cinema americano (E o Vento Levou) visitando uma Madri dominada por uma ditadura de extrema direita foi de pronto abafado. A recusa de Howard em  comparecer aos vários eventos promovidos pela Embaixada causou o maior bafafá e enfureceu a diplomacia inglesa. De acordo com Conchita,  Howard estava se preparando para o encontro com o General Franco sem o conhecimento do Embaixador Inglês. 

Howard voltou a Lisboa e tomou o DC-3 para Londres. Morreram todas as 17 pessoas que estavam a bordo. O segredo de Leslie Howard afundou com o avião. Howard nunca foi reconhecido pela Realeza Britânica. Nem como herói nem como espião.

Leslie Howard foi casado com Ruth Martin e tiveram dois filhos, o ator Ronald Howard e Leslie Ruth Howard. Possui uma estrela na Calçada da Fama, localizada no Hollywood Boulevard, Los Angeles. Recebeu duas indicações ao Oscar de melhor ator por Romance antigo em 1933 e Pigmalião em 1938, e ganhou o Volpi Cup de melhor ator no Festival de Veneza por Pigmalião em 1938.

É ou não um belo argumento para um filme B sobre espionagem na Segunda Guerra Mundial? Cineastas, a postos!


3 comentários:

W.J. Solha disse...

Há mais coisas na história de Hollywood do que pode comportar nossa vã filosofia. A linda Heddy Lamar, a Dalila do Victor Mature, cientista, Cary Grant amante de Randolph Scott, Elia Kazan dedo-duro dos colegas e, agora, nosso aguado ator inglês espião!

W. J. Solha

dhabura sukva disse...

Gostei muito do seu trabalho. Que venham outros. Um abraço Djanira

yanmaneee disse...

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