sábado, junho 09, 2012

Tiro&Queda 9.6.12 sábado

Eduardo Almeida Reis
   
Japi – Japi é designação comum a diversas spp. de aves passeriformes da família dos emberizídeos, da subfamília dos icteríneos, de porte médio e coloração negra e amarela ou vermelha, que constroem ninhos pendentes em forma de bolsa; bauá, bom-é, japuí, japuíra, japujuba, joão-conguinho, xexéu-bauá.

É também o apelido carinhoso do imenso jornalista e escritor Moacir Japiassu, paraibano que fez carreira no sudeste e hoje, além dos livros que escreve, publica semanalmente o Jornal da ImprenÇa diretamente do seu Engenho Maravalha, nos altos de Cunha, SP, onde faz um frio inenarrável.

O Jornal da ImprenÇa é tão superior a tudo que se fez e ainda se faz na análise de nossa mídia impressa, que só lendo, como faço religiosamente. Ainda na edição de 1º de junho, Japi comenta a mania do novo jornalismo brasileiro de escrever “muitas munições”, praga que tomou conta das redações.

Munição é coletivo de balas, cartuchos, projéteis. Portanto, quando a polícia descobre um esconderijo de bandidos pode encontrar muitos cartuchos, muitas balas, farta munição na zona oeste de Belo Horizonte, como se algum leitor soubesse onde fica a zona oeste da capital de todos os mineiros.

Não se pode elogiar – Caí na besteira de dizer que o futebol feminino tem sobre o masculino a imensa vantagem de as jogadoras não cuspirem, enquanto os homens não sabem dar um passo sem cuspir, para uma atleta canadense me desmentir.

Foi no Pan do México, na partida em que Brasil e Canadá disputavam a medalha de ouro. A sugismunda canadense atende pelo nome de Kaylyn Kyle e foi selecionada pelo blog “pombo sem asa” para formar o time das mais belas da última Copa do Mundo.

Devo a informação ao leitor Marcus Tofanelli e pergunto: como pode uma bela mulher cuspir em público? Vou mais longe: como pode uma criatura educada, homem, mulher ou GLS, cuspir diante de milhões de espectadores e telespectadores?

A cusparada – ato ou efeito de ejetar uma grande quantidade de cuspo – é das coisas mais abomináveis que um ser, supostamente civilizado, pode fazer em público, se bem que tenha hora e vez no recesso do lar, longe da vista de parentes e familiares. Insisto, pela undevincésima vez, que parentes e familiares são grupos diferentes. Parente é pessoa ligada a outra por consanguinidade, afinidade ou adoção; familiar pode ser o poste da esquina ou a escada de granito do restaurante de comida a quilo. Passei a odiá-la depois que nela tomei um tombo.

Mestre Aurélio disse ao nosso Affonso Romano de Sant’Anna esta frase sapientíssima: “Temos que dar oportunidade às palavras”. Daí a insistência do philosopho no recurso ao undevincésimo, o mesmo que décimo nono.

Gontijos – Tenho estalos que se transformam em charutos. Vou explicar onde, como e por quê. Cervejando com Miguel Gontijo no escritório do famanaz arquiteto Gustavo Penna, ocorreu-me perguntar ao afamanado pintor: “Existe alguém em Minas que não seja Gontijo?”.

Pergunta exagerada, concordo, porque os mineiros andam próximos dos 20 milhões e os Gontijos talvez não somem 18 milhões, mas são muitos e estão espalhados em todas as atividades que o leitor possa imaginar, do transporte de passageiros pela esburacadas rodovias federais, passando pela engenharia-civil até alcançar a medicina intensivista e as artes plásticas.

Como transformar o insight em charutos? Escrevendo sobre ele, bidu. Vou ao Dicionário das Famílias Brasileiras e constato que Gontijo é sobrenome de origem geográfica. Do germânico Gontuigius, Gontoigio, Gontijo, cujo primeiro elemento é Gonte, var. de Gondo, do genitivo Gundi, da forma latinizada Gundus, Gondo, do gótico Gunta, ‘o combatente’. O segundo elemento é *weig, ‘combate’ (Antenor Nascentes, II, 352).

Família de origem espanhola estabelecida em Minas Gerais, que teve princípio no capitão Manuel da Costa Gontijo, nascido na Espanha por volta de 1764, que deixou geração estabelecida em Perdões e Lavras do seu casamento com Francisca Romana de Mendonça.

A partir daí, tem Gontijo que não acaba mais. E acabo de faturar 206 palavras que se transformam em charutos. Falou?

O mundo é uma bola –  9 de junho: em 53, Nero se casa com Cláudia Octávia; em 62, Cláudia Octávia se suicida; em 68, Nero se mata. Diazinho aziago para a família do imperador romano Nero Claudius Caesar Augustus Germanicus, nascido em Anzio no dia 15 de dezembro de 37, d.C.

Em 1672 nasce Pedro, o Grande, czar de todas as Rússias. Em 1781, nascimento de George Stephenson, inventor inglês, considerado o “pai da locomotiva a vapor”. A partir de 1925 só nasceram futebolistas: parece que o primeiro foi Brandãozinho. A Wikipédia tem dessas coisas: de 1950 para cá só nasceram jogadores de futebol.

Em 1597 morreu o jesuíta espanhol José de Anchieta, fundador da cidade de São Paulo.

Hoje é o Dia do Porteiro e o Dia do Tenista.

Ruminanças – “A polícia paulista matou seis bandidos em suposta reunião do PCC. Fosse verdadeira a reunião, mataria seiscentos” (R. Manso Neto).
               

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