quinta-feira, junho 07, 2012

Tiro&Queda 7.6.12 quinta-feira

Eduardo Almeida Reis    

Eleições – Basta ver os cabelos do jovem que esperou o último dia para tirar o seu título de eleitor na cidade de Belo Horizonte, Minas Gerais, para confirmar o seguinte: o brasileiro não pode votar. Não digo como Pelé que o brasileiro não sabe votar: o verbo é outro – não pode votar.

Nem me refiro ao que há por dentro da cabeça do rapaz, mas somente aos seus cabelos, adubados pelo material que transporta no lugar do cérebro: laterais cortadas decentemente e a moleira de quatro ou cinco centímetros, cabelos pontudos reunidos em grupos de não sei quantos fios.

A partir da filmagem e das declarações do novo eleitor, tive uma ideia que, para variar, é genial: acabar com as eleições. Os resultados eleitorais aí estão à vista e à oitiva de todos. Ditaduras são intoleráveis. Portanto, não há solução fora dos sorteios.

Como? É fácil: sorteiam-se todos os eleitores de um município ou de um estado, conforme sejam eleições para vereadores, prefeitos, deputados, governadores, respeitando as faixas etárias já estabelecidas. Sorteia-se, também, o presidente do Piscinão de Ramos. Não é preciso que o sorteado tenha escolaridade. Os fatos comprovam que ela é dispensável e o presidente logo será várias vezes doutor, ainda que honoris causa.

Digamos que um município tenha 10 mil eleitores: sorteiam-se os números dos títulos dos maiores de 18 e menores de 70 anos. Vereador deve servir de graça: é múnus público, pouco importa se em Belo Horizonte ou em Sem-Peixe, município muito de minha afeição. No município de 10 mil eleitores (Sem-Peixe tem a décima parte), digamos que a Câmara tenha 10 vereadores. Sorteiam-se 50 eleitores, que passarão pelo crivo da Ficha Limpa. Se alguns sorteados não quiserem assumir, tudo bem: serão excluídos.

O sorteio indicará os 10 que devem assumir a Câmara, sem ganhar um ceitil, e mais 10 que ficam na condição de suplentes. Critério idêntico será adotado em todas as demais eleições. Naquelas em que o sorteado trabalha fora de sua cidade, pode ganhar salário decente. Se roubar, cadeia nele!

Aposto e o leitor há de concordar comigo: os quadros dirigentes, sorteados, serão infinitamente melhores que os eleitos. Acabam a chatura dos TREs, dos votos comprados, dos horários na televisão, das sobras de campanha, das doações para Fulano ou Beltrana.

Aeroportos – Não há nada, absolutamente nada que justifique a ida de homem sério aos aeroportos brasileiros. Fernão Mendes Pinto, Vasco da Gama, Pedro Álvares Cabral, Marco Polo e tantos outros cidadãos correram mundo sem frequentar aeroportos. É muita gente feia, esquisita, original, sem educação, obesidades disformes, sim, porque há gordurinhas apetecíveis, tênis e sandálias espantosos, numa pressa inexplicável. De vez em quando, um casal simpático que lê o Estado de Minas.

No Santos Dumont carioca havia uma senhora obesa da barriga para baixo, circulando em evidente desconforto numa pressa que seria hilária se não fosse trágica. Casais originais, estrangeiros, cada parceiro empurrando um carrinho entupido de malas, ela magruça e alta, de botas, seguindo seu marido e senhor. Mais adiante uma jovem senhora, salto alto, sem aliança, pisando grosso no granito do chão. Imaginei-a pisando daquele jeito no tabuado aqui do Taj Mahal. Vi que se dirigiu à sala da Polícia Federal voltando ao cabo de cinco minutos. Deve ser delegada e tem sua pistola, suponho, guardada na bolsa. Taí: não me desagradaria uma delegada. E a moça era bonita, sem brincos ou colares de minha particular desafeição. Só não gostei do barulho ao pisar.

Insisto: nada justifica uma ida aos aeroportos.

Galocha – Bem se vê que a moça do anúncio da Allianz Auto não estudou no Colégio Estadual de Belo Horizonte. Patrícia, apresentada como jornalista, conta que sua mãe a ensinou a andar prevenida, tanto assim que num casamento, em que foi madrinha, caiu um toró e ela tinha tudo na mala do carro, inclusivamente galochas. Ora, se a moça tivesse estudado no famoso colégio mineiro saberia que galocha é galicismo e que o certo seria dizer anidropodoteca.

O mundo é uma bola –  7 de junho de 1494: Portugal e Espanha assinaram o Tratado de Tordesilhas, pelo qual dividiam o Novo Mundo. Em 1862, o Reino Unido e os Estados Unidos da América concordam em acabar com o comércio de escravos. Em 1905 a Noruega declara sua separação da Suécia. Em 1914 o primeiro navio atravessa o Canal do Panamá. Em 1924, pelo Tratado de Latrão, o Vaticano se torna um estado soberano. Em 1817 nasceu Alois Hitler, pai de Adolf. Em 1848 nasceu o pintor francês Paul Gauguin. Em 1930 veio ao mundo a carioca Adileia Silva da Rocha, que morreria com 29 aninhos imortalizada sob pseudônimo de Dolores Duran.

Hoje é o Dia da Liberdade de Imprensa e o começo de mais um feriadão: aproveite!

Ruminanças –
“Se o PIB não sobe, o país deve pensar num ministro da Fazenda que tenha, no máximo, 28 anos” (R. Manso Neto).

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