Eduardo Almeida Reis
Divórcios litigiosos – Para botar as uniões homoafetivas mais parecidas com os casamentos clássicos, casais de gays e de lésbicas desandaram a divorciar-se com direito às brigas tipo hétero, que conhecemos de perto ou de ouvir contar: guarda de filhos, pensões de alimentos e outras complicações. Devem alcançar a perfeição no dia em que descobrirem a violência contra a mulher, desde que descubram quem é a mulher.
A tevê nos mostrou casal gay com um filhinho havido por meio dos espermatozoides de um deles fecundando óvulo de doadora desconhecida, embrião gestado na barriga da tia de um dos parceiros, “senhora que prefere não se identificar”.
Se lésbico, o casal recorre ao óvulo de uma das parceiras, fertilizado in vitro por espermatozoide de doador desconhecido, que também preferiu não se identificar, para ser gestado na barriga de uma das parceiras. A dona da barriga pare, amamenta etc. A partir do nascimento da criança no casal lésbico, surge o problema: quem é a mãe? É a que entrou com o óvulo ou a parceira que gestou, pariu e amamentou?
No casal gay, um entrou com o sêmen e alguém entrou com a barriga da tia, não sei se o doador do sêmen ou seu companheiro. Em caso de divórcio litigioso, como resolver o problema da guarda do filho? Problema idêntico ocorre nos divórcios lésbicos.
Por incrível que pareça há outros procedimentos igualmente complicados, como, por exemplo, o do gay que fertiliza um óvulo comprado e aluga barriga para gestar o filhinho que será dele e do parceiro. Quando se divorcia, o parceiro pode exigir a guarda do filhinho, que também pode ser uma filhinha – e o bololô jurídico é assaz complexo.
Em defesa dos casamentos de antanho, seja dito que a produção de filhos era menos complicada e sabia ser gostosa. No país dos meus sonhos, gays e lésbicas seriam proibidos de divorciar-se.
Distraído – Desconfio de que estou ficando igual a um tio-avô, com uma só diferença: ele era latinista muito culto, enquanto o philosopho é isto que a gente conhece. Cícero Arpino Caldeira Brant, mineiro de Diamantina, era tão distraído que cumprimentava o genro à porta do elevador, porque era muito educado, agradecia quando o genro abria a porta e apertava o botão do andar, agradecia de novo ao descer no sexto andar e só descobria que subiu com o genro quando entravam no mesmo apê.
Sabe aquele ovinho de plástico branco, que vem com sal Cisne e um chapeuzinho vermelho ou azul? Vivo com o saleiro para baixo e para cima. Sei que sal faz mal à saúde, mas já me disseram que todo mundo morre comendo ou não comendo sal, que é muito gostoso.
Salguei um ovo cozido, que estava guardado na geladeira, comi-o e continuei pensando na morte da bezerra, enquanto procurava fechar o ovo plástico. Notei que a tampa servia muito bem, mas não fechava o ovo: rodava em cima dele que era uma beleza, sem atarraxar. E o noticiário radiofônico me assustando, como assusta todos os dias. Acho que levei minutos para descobrir que tentava fechar o saleiro com a tampa da garrafa pet de 1,5 litro, bem mais larga que o pescocinho do ovo plástico.
Tratamentos – Pois é, cara, tenho visto na tevê, nos mais diversos programas, que a onda agora é chamar o indivíduo de cara e um grupo de pessoas de galera. Foi-se o tempo do bicho da Jovem Guarda, tanto assim que penso dirigir-me ao pacientíssimo leitor de Tiro&Queda como cara e ao grupo de leitores como galera.
Mudando de um polo a outro, mas tratando da tevê, pergunto: será que existe equivalência salarial entre os diversos profissionais que aparecem na telinha? Sim, porque um Alexandre Garcia, um William Waack, um Renato Machado não podem faturar salários iguais à maioria dos seus colegas, quando é sabido que valem vinte vezes mais.
Houve tempo em que tive condições de saber dos salários da rapaziada. Pura curiosidade. Hoje, não sei mais nada de coisa alguma, a não ser que vou chamar o leitor de cara e o grupo de leitores de galera, falou?
O mundo é uma bola – 4 de junho de 1584: a Inglaterra instala um núcleo de colonização na América do Norte, na Ilha de Roanoke, que desapareceu possivelmente destruído pelos Native Americans. Em 1943, o Grupo dos Oficiais Unidos, fundado pelo coronel Juan Domingo Perón, comanda um golpe de estado na Argentina e derruba o presidente Ramón Castillo. É data para ser vivamente comemorada num país grande e bobo, que faz fronteira com a República Argentina. Não fosse o peronismo, os argentinos dominariam a América do Sul.
Em 1928 nasceu o empresário paulista Antônio Ermírio de Moraes. Fui vizinho de uma de suas minas de bauxita e posso atestar que tratava bem seus empregados. Basta dizer que cultivava imensa horta para os funcionários e o vizinho, que se amarrava numa saladinha, sem vinagre, para não hostilizar o vinho regulamentar. Bons tempos: três garrafas pelo almoço.
Ruminanças – “De tão feio, o bloco feminino do ministério de François Hollande não faria feio em Brasília, DF” (R. Manso Neto).
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