sexta-feira, junho 22, 2012

Rio + 20

Girley Brazileiro


Passei o último fim de semana no Rio de Janeiro. Embora não fosse meu objetivo principal, durante três dias circulei ao redor dos eventos relativos à Conferencia das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável, mais conhecida como Rio+20. Não podia ser de outra forma, já que este é o assunto da semana na cidade. Ruas e Avenidas, hotéis, restaurantes e lojas, taxis e transportes coletivos e tudo mais se achava envolvido pelo clima do movimento.

A cidade se preparou para receber as comitivas nacionais e estrangeiras envolvidas na imensa programação, fosse oficial ou oficiosa. Policiada como nunca, limpíssima e repleta de visitantes o Rio vivia dias de apogeu cosmopolita.

A Conferência Oficial tem sido no Rio Centro, local de convenções, situado na zona Oeste da cidade e afastado do burburinho da cidade grande. Por lá não andei, porque não faço parte de comitivas governamentais. Mas, andei observando o que acontecia no lado oficioso, espalhado, sobretudo, pela zona Sul da cidade. No Parque do Flamengo, vi que acontece a Cúpula dos Povos, reunindo inúmeros grupos sociais, em tendas especiais ali montadas. Os temas são os mais diversos, a grande maioria relacionada com a temática da sustentabilidade. Sei que havia grupos denunciando a fome nos países pobres, o crescimento desenfreado da população, a crise econômica, a emissão sem limites de gás carbono, assembleias de indígenas defendendo suas reservas e preservação das florestas, mulheres defendendo seus direitos e o planejamento familiar, grupos denunciando as atividades poluidoras dos países desenvolvidos, outros defendendo a geração de energias alternativas e renováveis e, sobretudo, contra a energia nuclear e assim por diante. Manifestações pacificas, entremeadas de outras mais estressadas, todas apontando na direção das reuniões do Rio Centro, onde representantes de quase 180 países (fala-se de 50.000 participantes) buscavam a formulação de um documento de compromisso – a Carta do Rio – a ser firmado no dia 22 de junho, quando se encerra a Conferencia, contando com as presenças de Chefes de Estado e Governos que começam a chegar na 4ª. Feira (20). Segundo se publica serão 110. A mídia, com acesso ao evento oficial, já dava contas de que as coisas não prometiam o sucesso desejado. Os representantes oficiais encontravam imensas dificuldades de um acordo e o tal documento final estava ameaçado de se tornar um fiasco. Ouvi, quando voltei ao Recife, que, para acalmar os ânimos, a tal Carta foi substancialmente resumida, de quase 100 páginas para, algo em torno, de 50, sem amarrar objetivos, nem metas. Fico pasmo com essa produção. Do que adiantou tanto esforço? Alguns militantes da sustentabilidade garantem que pouco se avançou em cima do que foi produzido na Rio 92, referindo-se a Conferencia de 1992, também no Rio de Janeiro. Depois de 20 anos?

O tema, meus amigos e amigas, é, de fato, polêmico. À medida que o tempo passa e os estudos e pesquisas se aprofundam, a discussão cresce como uma bola de neve. Formidável desafio para o homem moderno. Ora, num planeta que, neste 2011, atingiu a casa dos 7 Bilhões de habitantes, 52,5% vivendo nas cidades, comendo e poluindo, sem cessar e a base de uma infinidade de produtos e ferramentas agressivas, é de se vislumbrar um caos, como muitos ativistas pintam. Alguma coisa tem que ser feita, de verdade. Sem paixões ou exarcebações. Com mais educação! Para isto, é preciso que se estabeleça uma nova ordem internacional de ocupação do solo e uso dos recursos naturais, com rigoroso e urgente rol de critérios. Esta Conferência do Rio foi pensada nesse sentido. E aí, é decepcionante saber que não se venha a chegar ao estabelecimento de claros objetivos específicos e metas bem medidas?

Assim como a Cúpula dos Povos, no Parque do Flamengo, uma imensa e didática exposição foi montada, numa superestrutura, sobre o Forte de Copacabana, denominada de




Humanidade 2012, aberta ao publico e chamando a atenção dos conferencistas para o clamor da degradação ambiental do planeta. Mesmo não sendo um ativista da sustentabilidade – rigorosamente, sou um simpatizante – sai sensibilizado pelas informações que recebi. Aquilo lá mostra, de forma escancarada, o atual estado da arte poluidora do Homem sobre a face da Terra. São imagens assustadoras e, o mais surpreendente, obtidas de coisas banais do dia-a-dia de cada um de nós, pobres mortais. Galerias com impactantes arranjos e muita plasticidade, leva o visitante a percorrer espaços capazes de sensibilizar o mais alheio dos indivíduos. Vide foto no final.


O assunto é vasto e a pauta gorda para todo tipo de meios de comunicação. Acompanhemos o desenrolar das negociações. A propósito, conversando com meu irmão que vive nos Estados Unidos, procurei saber sobre as repercussões da Conferencia do Rio, nas bandas de Tio Sam. Para minha surpresa, me informou que pouco se fala, ou, na verdade, nada se diz. Sintomático... Obama nem pensou em vir. Mandou Mrs. Clinton. Lamentável.


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