sábado, março 31, 2012

Tá chegando a Hora

Girley Brazileiro



Toda vez que passo diante de um mo
strador lembrando quantos dias faltam para o início da Copa do Mundo, na Avenida Agamenon Magalhães (região central do Recife), sou acometido de uma atroz dúvida quanto o que pode ocorrer até lá, na cidade, noutras cidades sedes do certame e no Brasil com um todo. Esses dias, visualizei a marca de oitocentos e tantos dias. Ora, falta muito pouco tempo, se comparando a quantidade das muitas obras a serem iniciadas ou concluídas. A começar pela tal Arena Pernambuco. Os responsáveis garantem que estarão concluídas em tempo hábil. Mas, como não temos construções em ritmo chinês, nem dinheiro fácil como eles, a dúvida vai persistir até que as coisas sejam dadas como prontas. E, de preferência, antes da Copa.

Os jornais de hoje (30.03.12), no Recife, trazem com grandes manchetes as melhorias viárias que transformarão a cidade em algo mais humana e de fácil circulação – atualmente é um caos – prometendo aprontar tudo antes do Campeonato Mundial. A rigor, são obras destinadas a solucionar os problemas de mobilidade da cidade, é verdade, mas que urgem serem entregues para o conforto das levas de turistas/torcedores que poderão baixar na cidade, em 2014. E esta data está em cima!

Minha dúvida se exacerba ao virar as folhas dos nossos noticiosos e me deparar com as futricas políticas que assolam a província. E bote provincianismo nisso... Nunca vi tamanho fuxico. Pelo menos não me recordo. Inoportuno para uma ocasião em que, antes de travarem essas escaramuças (*), a classe política devia focar nos imensos problemas da cidade e realizar um pleito mais amadurecido e, sobretudo, pensando no futuro imediato e bem estar da população. Falta união! Tanto como, por exemplo, em Brasília, conforme vimos no processo de aprovação da Lei da Copa. Aquilo foi o melhor exemplo da chafurda que reina no país.

Pensando bem, esses governantes de plantão deveriam aproveitar a chance de operar melhorias de grande porte nas cidades e nos estados, calcados nas possibilidades mais elásticas de financiamentos e subsídios oferecidos. Mas, não. Estão pensando em desenvolver uma política de baixo padrão e somente “puxar a brasa para a própria sardinha”.

No ano passado estive visitando a África do Sul, onde, um ano antes havia ocorrido o último Mundial. Conversando com alguns, soube das dificuldades pelas quais passaram e que foram muitas. Porém, tudo estava pronto para a Copa das Confederações, que sempre ocorre um ano antes da Copa do Mundo. Houve um esforço inteligente e de ordem política que viabilizou a tempo a conclusão das obras. E, olhem que, não foram poucas as melhorais operadas. O país passou por uma reforma geral. Minha primeira surpresa foi no desembarque em Johanesburgo, quando vi a beleza de aeroporto que substituiu o acanhado e lúgubre do passado. Eu já havia ido àquele país, quando nem se falava em uma Copa por lá. Depois do aeroporto, fiquei deslumbrado com a estrutura viária, a urbanização moderna, os veículos leves sobre trilhos (VLT) em circulação e, por fim, um povo mais afável e mais cosmopolita. Nosso guia declarou com alegria que o melhor “governo” que o país já teve foi a Copa do Mundo. “A África do Sul é outro país depois da Copa de 2010. Os turistas são em maior número e todo mundo quer vir nos conhecer” disse o cidadão cheio de júbilo. Concordei com ele.

Se na África do Sul os efeitos de uma Copa foram tão positivos, o que não poderia acontecer no Brasil? Estamos, minha gente, diante da maior chance de projetar o nosso Patropi. Pena que nossos administradores nem percebem ou pouco estão se tocando. Estão pensando SOMENTE nos interesses pessoais e político.

Por outro lado, observo que nossa gente não está fazendo idéia precisa dos desafios que tem pela frente. Penso nos prestadores de serviços. Aqueles que vão estar na linha de frente – na posição de artilheiro, dentro da pequena área – para atender as demandas dos visitantes ensandecidos na turba da torcida, querendo comer e beber, se deslocar, ter uma informação, procurando orientações, e tudo mais que se possa imaginar. O que farão essas criaturas?
Como desempenharão seus papéis? Estão sendo preparados? Não vejo movimentos notáveis nesse sentido.

E nossos restaurantes? Estarão eles pensando em cardápios apropriados – com versão em inglês, por exemplo – para o momento do evento. E os garçons? Imagino o vexame que pode ocorrer. Vai ser trabalhoso e, sobretudo, uma perda de tempo para o cliente, que nesse caso vem apressado e sai do mesmo jeito, focado em torcer pela sua seleção. A não ser que esses torcedores estejam estudando português. A África do Sul, neste caso, levou uma vantagem estupenda porque o inglês é idioma oficial.

Para concluir, fico pensando se vierem jogar, no Recife, as seleções da Alemanha, Suécia, Japão e Costa do Marfim, por exemplo. Vai ser um barato. Nem quero pensar.

Melhor pedir aos padroeiros do futebol que intercedam a nosso favor e no sorteio para a Chave do Recife tirem as bolinhas de: Portugal, Argentina, Chile e Paraguai. Seria bem mais fácil. Não é mesmo? Tá chegando a hora!

NOTA: Foto obtida no Google Imagens
(*) Escaramuça = combate de pequena importâ

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