quarta-feira, fevereiro 15, 2012

Tiro&Queda





Eduardo Almeida Reis



Tiro&Queda 15.2.12 quarta-feira


Anedotas – Se o sujeito selecionar e retocar as anedotas recebidas pela internet, em cinco meses publica um livro, que certamente contará com um monte de leitores. Profissionais ou amadores, bons contadores de anedotas até hoje encantam salões. Conheci três ou quatro amadores capazes de entreter uma reunião durante horas, com deleite e aplauso dos convidados.

“Não gosto de anedotas com prefácio” escreveu o imenso Abgar Renault. Realmente, prefácio mata qualquer anedota, por melhor que seja. No caso dos anedotistas amadores, o risco é o de aparecerem no mesmo salão outros convidados que se ponham a contar anedotas. Há sempre uma porção de gente que se julga capaz de anedotizar, cousa das mais difíceis: depende de um dom aprimorado com o passar dos anos.

Curto bons anedotistas, mas prefiro aqueles que me contam histórias reais, que acho mais engraçadas. Evito anedotizar e prefiro contar histórias verídicas, pelo seguinte: se anedotizo, corro o risco enormíssimo de aguentar, em seguida, uma série interminável de anedotas contadas por amadores, geralmente com prefácio.

Murphy tinha razão – O pacientíssimo leitor deve estar lembrado da Lei de Murphy. Diz a Wikipédia que ela se originou do resultado de um teste de tolerância à gravidade por seres humanos, feito pelo engenheiro aeroespacial norte-americano Edward A. Murphy. Ele deveria apresentar os resultados do teste; contudo, os sensores que deveriam registrá-lo falharam exatamente na hora, porque o técnico havia instalado os sensores da forma errada. Frustrado, Murphy disse "Se este cara tem algum modo de cometer um erro, ele o fará". Daí, foi desenvolvida a assertiva: "Se existe mais de uma maneira de uma tarefa ser executada e alguma dessas maneiras resultar num desastre, certamente será a maneira escolhida por alguém para executá-la". Mais tarde, o teste obteve sucesso. Durante uma conferência de imprensa, John Stapp, americano nascido no Brasil, que havia servido como cobaia para o teste, atribuiu ao fato de ninguém sair ferido dos testes por levarem em conta a Lei de Murphy e explicou as variáveis que integravam a assertiva, ante ao risco de erro e consequente catástrofe, e enunciou a lei como "Se alguma coisa pode dar errado, ela dará".

Recebi de amável leitora algumas leis que se enquadram no espírito de Murphy. Aqui vão: “O seguro cobre tudo, menos o que aconteceu". "Quando você estiver com apenas uma mão livre para abrir a porta, a chave estará no bolso oposto”. "Quando tuas mãos estiverem sujas de graxa, vai começar a te coçar, no mínimo, o nariz”. "Não importa por que lado seja aberta a caixa de um medicamento. A bula sempre vai atrapalhar”. "Quando você acha que as coisas parecem que melhoraram é porque algo te passou desapercebido”. "Sempre que as coisas parecem fáceis, é porque não entendemos todas as instruções”. "Os problemas não se criam, nem se resolvem, só se transformam”. "Você vai chegar ao telefone exatamente a tempo de ouvir quando desligam”. "Se só existirem dois programas que valham a pena assistir, os dois passarão na mesma hora”. "A probabilidade que você se suje comendo é diretamente proporcional à necessidade que você tenha de estar limpo”. "A velocidade do vento é diretamente proporcional ao preço do penteado”. "Quando, depois de anos sem usar, você decide jogar alguma coisa fora, vai precisar dela na semana seguinte”. "Sempre que você chegar pontualmente a um encontro não haverá ninguém lá para comprovar e se, ao contrário, você se atrasar, todo mundo vai ter chegado antes de você”.

Recepções – Patrícia e Aquiles, Ernesta e Giancarlo, Patrícia e Lúcio, Consuelo e Jacob, Maria Eugênia e Armandinho, Beatriz e Rubens – dei para ficar com uma pena danada dos casais que têm ou tinham filhos casadoiros, pelo seguinte: numa série da Band sobre casamentos, aprendi que as festas custam hoje, em média, R$ 70 mil. Isso mesmo que o leitor entendeu: setenta mil reais.

Como é possível conviver com a notícia de que uma festa de casamento custa R$ 70 mil? Ainda bem que já casei minhas filhas. É verdade que a mesma série televisiva mostrou festas de R$ 5 mil em sítios alugados, mas a gente, que diabo, quando casa uma filha, quer tudo do bom e do melhor.

Precatem-se, acautelem-se, caros e preclaros leitores de Tiro&Queda, na hipótese de correrem o risco de casar uma filha. Sempre são setentinha, quantia que não abunda por aí como abunda a pita, grande erva rosulada da família das agaváceas.

O mundo é uma bola – 15 de fevereiro de 1564: nascimento de Galileu Galilei. Em 1710 nasceu Luís XV, rei da França; em 1841, Manuel Ferraz de Campos Sales, presidente do Brasil; em 1894, Osvaldo Aranha, que conheci muito bem; em 1910, Cesar Romero, ator norte-americano que não conheci, mas sou amigo do jornalista juiz-forano César Romero; em 1956, Carlos Roberto Massa, o Ratinho, que conheço da televisão. Em 1994, também no dia 15 de fevereiro, foi a óbito o ator Cesar Romero.

Ruminanças – “Pior do que a democracia, só mesmo a sua falta” (R. Manso Neto).

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