Celso JapiassuDas dez linhas internacionais do Lloyd Brasileiro, companhia de navegação que existiu de 1890 até 1997, a mais importante era a que ligava Rio-Santos-Montevidéu-Buenos Aires. Transportava carga e passageiros mas fazia no paralelo outro tipo de comércio - o de levar e trazer palavras entre as línguas faladas na beira dos cáis daquelas cidades.
Bacana, afanar, engrupir, farra, gavião (gavión), mina, michê, otario, paco, pinta, punga, calote, barulho (barullo), rolo, tamanco (tamango), pedregulho (pedregullo), cafúa, lobizón (lobisomem), fulo, catinga, tira, achacador, bobo (relógio), burro, campana, despelotado, embolar, engaiolado, engrupir, entregar (delatar), esbornia, escrachado, fachada (cara), fulera, gagá, gigolô, guri, labia, macanudo, malandro, mamado, mancada, masoca, pirar (ir-se), são algumas das centenas de palavras que existem tanto na gíria brasileira quanto no lunfardo do Rio da Prata.
A língua dos marinheiros, prostitutas, gigolôs e malandros dos três países foi enriquecida nessa troca. E ganhou mais força de expressão quando saiu do bas-fond e passou para o vocabulário do samba e do tango, ritmos também marginais que, com o tempo, foram legitimadas como expressões culturais e acabaram por penetrar nos salões da melhor sociedade.
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Um comentário:
Coisas do passado me fascinam. Ainda mais escritas desta forma.
Pena, pena mesmo, que as novas gerações não estão nem aí para a tal de cultura. Afinal o Lula não é anarfa e recebeu os louros todos?
Que digam os portugueses.
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