quinta-feira, fevereiro 16, 2012

Romário um exemplo:





Fritz Utzeri


“Espero que na minha próxima vinda a Brasília tenha alguma porra pra fazer. Ou será que o ano só vai começar depois do Carnaval?”


Quem diria! Não votei em Romário, pois não costumo votar em artistas e jogadores de futebol pelo simples fato de sua notoriedade ou excelência no que fazem no palco ou em campo, mas confesso que Romário me surpreendeu e continua surpreendendo como parlamentar. Seu desabafo equivale a um “vada a bordo cazzo” geral. Quando atleta ele costumava faltar aos treinos embora nos jogos fizesse a diferença, mas como parlamentar tem sido de uma responsabilidade e independência ímpares.

Romário justificou o seu desabafo observando que seus pares não comparecem e não votam nem mesmo matérias importantes como o tão falado PEC 300, que fixa o piso salarial de bombeiros e policiais civis e militares. “Tem greves acontecendo, gente morrendo e lojas sendo saqueadas, nós políticos somos culpados mesmo!” acusa o deputado.

Além da gratidão que todos lhe devemos pelo muito que fez pelo futebol, há outro aspecto que me agrada nele, é a atitude em relação à filha com síndrome de Down. Ele não esconde o problema, luta pelo que é possível fazer e como deputado limita sua atuação a áreas que domina, áreas legítimas e não a pauta obscura que motiva tantos mandatos em Brasília.

Hoje vivemos uma situação de tal mediocridade que basta alguém cumprir o seu dever, “estar a bordo”, para se tornar exemplo num país dominado por pautas irrelevantes como “ Menos Luísa que está no Canadá”, “Ai se eu te pego”, e prenhe de felicidade e otimismo (devo estar maluco), apesar dos descalabros que lemos na imprensa no dia-a-dia.

Na greve da PM da Bahia há um fato curioso e revelador. Quando a greve ocorre num quadro onde o PT é oposição a greve vale e é legítima, mas quando é o PT que governa torna-se criminosa. Basta lembrar que tanto o atual governador Jaques Wagner (ver discurso reproduzido no Diário do Congresso, à pg.8), como o ex-presidente Lula, apoiaram a greve da mesma PM baiana em 1992, quando o estado era governado por ACM. Na ocasião o Molusco disse textualmente (e com razão quanto aos salários): “A polícia militar pode fazer greve. Minha tese é que todas as categorias que são consideradas atividades essenciais só podem ser proibias de fazer greve se tiverem também salário essencial. Se considero a atividade essencial, mas pago salário mixo, esse cidadão tem direito de fazer greve”.

O que tem o PT feito pelos “salários essenciais” de categorias como os policiais, bombeiros, médicos e professores num país em que políticos e o judiciário não param de se outorgar vantagens e prebendas fabulosas enquanto os “essenciais” continuam no ora veja? Qual é o padrão afinal?

O que vale?

Colhido em: Montbläat - 422

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