
José Virgolino de Alencar
O sonho de um mundo justo e igualitário, para os idealistas, não morreu, nem morrerá.
Contudo, o sonho do socialismo ortodoxo, praticado no Século XX, não é mais sonho, nem pesadelo- é delírio que mexe com os socialistas ao lembrarem do enterro da idéia sob os escombros do muro de Berlim. Esse caminho acabou-se, não é mais estrada a se palmilhar, é apenas o cemitério onde jazem soterrados os finados socialistas da ortodoxia marxista-leninista e seus acólitos e discípulos.
Resta como sonho ainda vivo a possibilidade de se construir, mesmo num futuro remoto, a ilha da Utopia, tal como descrita por Rafael Hitlodeu a Tomás Morus, onde poderá surgir um Estado preocupado com a felicidade coletiva e a organização da produção, mas com fundamento e escopo na democracia, no respeito aos direitos, na livre competitividade, na crença em uma base espiritual, qualquer que seja o credo.
Tendo como modelo "A República" e "As Leis de Platão", Tomás Morus lançou o ideal utópico e, por ter base espiritual, inspirou confiança ao ponto de ser canonizado pela Igreja.
No mundo atual não há espaço para o Estado socialista ou socializante, autocrático, totalitário, porque as lideranças que tomaram à frente na condução do ideal não tinham o idealismo na alma e, seduzidos pelo poder, se corromperam e corromperam os idealistas chamados à divisão do mando.
Os idealistas que não galgaram o poder, somente apoiaram e aplaudiram os mandantes e não mergulharam no lamaçal da corrupção, ficaram e continuam falando sozinhos, pregando no deserto, jogando palavras ao vento.
A formação de lideranças capazes de edificar a ilha da Utopia, o regime ideal, levará muito tempo para sua maturação, restando às novas e futuras gerações a luta para criar as bases para a construção do sonhado mundo justo e igualitário.
A geração a que pertenço não mais alimenta a esperança de ver sequer a luz no fim do túnel, de onde vislumbraria o cenário em que a famosa frase de Virgílio – “Carpent sua poma nepotis” - vigoraria, construindo o mundo que tanto sonhamos.
Sempre repito uma frase que representa meu pensamento pragmático: “Quando o ideal não for possível, faça do possível o seu ideal”.
Que o mundo futuro viva pelo menos o ideal possível.
Mas que seja ideal e não oportunismo.
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