
Marcelo Alcoforado
Quando o governo federal lançou quinhentos mil exemplares do livro Por uma vida melhor, da coleção Viver, aprender, a oposição raivosa e a mídia golpista logo se puseram a ridicularizar a iniciativa. O tempo, porém, se encarregou de estabelecer a verdade, e mais uma vez o governo se afirma onisciente, demonstrando com fatos toda a profundidade das suas decisões, naturalmente voltadas para promover o bem comum.
Pois saiba que o tão criticado livro precisou de pouquíssimo tempo para evidenciar sua importância para o aprendizado. Tanta que, segundo registrou no último dia 27 a jornalista Dad Squarisi, em Brasília (só poderia ser em Brasília, ora), um pai foi surpreendido quando sua filha de nove anos disse: Pai, eu tinha trago o livro.
Trago!
Teria sido apenas um descuido, relevou, no entanto, dias depois, folheando o caderno da filha, observou que a frase Mamãe tinha comprado e trazido o presente estava, segundo a professora, errada. Em seguida, grafada em letras vermelhas, a correção: Mamãe tinha compro e trago o presente.
É assim que a nova língua se espraia, primeiro entre amigos, nas mesas dos bares, nos bancos da praça e, por fim, nas bancas das escolas, tornando a Última flor do Lácio inculta e bela mais inculta e menos bela.
O marquês de Maricá disse que se tirando aos homens a vantagem das línguas e idiomas eles ficarão reduzidos talvez à categoria dos bugios e orangotangos. Talvez nem precise tanto.
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