sábado, novembro 26, 2011

A Pausa Que Refresca


Eduardo Almeida Reis






Tiro&Queda 26.11.11 sábado

Bengalas – Ortopedista e traumatologista, o Dr. Eduardo Amaral Gomes deu-nos bela matéria sobre como e quando usar bengala, na edição de 7 de novembro aqui do Estado de Minas. Informa o ilustre xará que as pessoas são resistentes ao uso de bengalas, dizendo ao médico: “Não sou tão velho assim”, ou “Não tenho idade para usar bengala”, ou “O que os meus amigos vão pensar?”.

É assunto que manjo bem, porque usava bengala quando me mudei para Belo Horizonte há 15 anos. Não sei por que usava, mas me lembro que usava e o bastão de madeira, com a extremidade superior em forma de meio-círculo, fazia um sucesso danado. Na festa de inauguração de um museu próximo da Praça da Liberdade, onde havia uma só cadeira, adivinhem o galã que nela se assentou? Senhoras e senhoritas, quando me traziam drinques e salgadinhos, perguntavam: “O senhor está bem?”. Estava ótimo, até porque adoro ser paparicado.

Bengalas são incompatíveis com certas situações. Um exemplo: bufê de comida a quilo. Não dá para empurrar a bandeja, segurar a bengala e apanhar com a colher imensa uma pouca da farofa de bacon, que fica sempre “do lado de lá” da platibanda que prefiro.

Há bengalas ótimas em tempos bicudos como os atuais. Algumas têm embutido imenso punhal, que mais parece um florete para trespassar o bandido que ataca o homem de bem; outras se transformam em revólveres com meia dúzia de projéteis para mandar o bandido desta para a pior.

A minha, que continua guardadinha no armário, não tem revólver ou florete: é de madeira e tem a extremidade superior em semi-circulo; o xará diz que o tipo em forma de T é melhor. Releva notar que houve tempo, não muito distante, em que a esmagadora maioria dos homens sérios usava bengala. Não por necessidade, mas pelo chiquê do bastão de madeira, às vezes encastoado em ouro.

Epa!, que o verbo encastoar pegou bem à beça. Significa “aplicar castão a” e castão é ornato na parte superior de bengalas, bastões etc. Gosto de encastoar o texto com essas tolices, que não fazem mal a ninguém.

IDH – Em que país vivem dona Dilma e o doutor honoris causa? É a pergunta que me ocorre depois de comprar uma quentinha. O Taj Mahal é vizinho do restaurante de comida a quilo, onde almoça Cristina, a mais doce das morenas belo-horizontinas. São 10 metros de calçada. Pois muito bem: não raras vezes, para não dizer quase todo dia, nos 10 metros aparecem patrícios pedindo que lhes pague os almoços. É constrangedor dizer que não tenho o dinheiro, porque tenho e está no bolso. De outra parte, se sair pagando almoços por aí, não me sobra um ceitil, moeda portuguesa do tempo de D. João I (1385-1433).

Ministério – No jargão das donas de casa de antigamente, ministério era o conjunto de empregados domésticos. Se madame tinha cozinheira, copeiro, babá e jardineiro, agradecia quando lhe ofereciam novo empregado: “Merci, mas o meu ministério está completo”.

Merci corria por conta do francês que todas falavam e muitas sobreviventes ainda falam. Carmelo Bonet (“A Técnica Literária”) ensina: “ministro é hoje um personagem de alta hierarquia. Antigamente, era da menor categoria: o criado, o servo (minister,tri)”.

Argentino, Bonet viu o peronismo transformar os ministros em personagens da mais baixa extração. Os brasileiros temos visto, nos últimos anos, ministérios compostos por gente inqualificável. E o leitor de Tiro&Queda, perplexo, vem de constatar que já andei lendo sobre técnica literária. Mais grave que isso: fiz palestra numa Universidade Federal para mestres e universitários de letras. Alfim e ao cabo, de pretensão e água benta cada um toma a que quer.

O mundo é uma bola – 26 de novembro de 1764: proibida na França a Companhia de Jesus. Que diabo haverá com os jesuítas, que, de vez em quando, são proibidos num país? Para conhecê-los, nada melhor do que a leitura de “Os Jesuítas”, de Malachi Martin, S.J. É de cair o queixo.

Em 1801, Charles Hatchett anuncia a descoberta de um novo elemento, a que deu o nome de colombium, redescoberto no final do século, quando recebeu o nome de nióbio. A partir daí, tudo que envolve nióbio é meio misterioso, pelo menos para um sujeito que só estudou pecuária leiteira.

Em 1930, criação do nosso Ministério do Trabalho, hoje do Trabalho e Emprego, que anda ou andou às voltas com a administração do inacreditável Carlos Roberto Lupi.

Ruminanças – “Não aguento mais as notícias de que fuzis e bazucas são privativos das forças armadas. É óbvio que não devem ser manejados por adolescentes” (R. Manso Neto).


Nenhum comentário: