Nomes exóticos

Hugo Caldas


"A Justiça dos Estados Unidos negou a guarda dos três filhos a um casal de Nova Jérsei que os batizou com nomes nazistas, noticiou uma agência de notícias norte-americana.

A decisão foi tomada nesta quinta-feira por um tribunal de apelações da costa leste, depois que a guarda de Adolf Hitler Campbell, JoyceLynn Aryan Nation Campbell e Honszlynn Himmler Jeannie Campbell já havia sido retirada dos pais, Heath e Deborah Campbell, pela vara de família da Justiça estadual.

O tribunal alegou que havia provas suficientes de que as crianças sofriam "riscos iminentes" e as três foram colocadas sob os cuidados de um orfanato. Heath afirma que um vizinho e uma ex-mulher fizeram denúncias de abusos e maus tratos contra ele, que alega serem falsas. O casal ainda pode recorrer da sentença.

A polêmica veio a público, quando o casal encomendou a um supermercado um bolo de aniversário com o nome do filho Adolf Hitler, o que a empresa se recusou a fazer. Na época, o casal escreveu para a imprensa fazendo queixa, mas acabou voltando a opinião pública de Nova Jérsei contra eles mesmos.

O acima relatado é muito interessante porém vale mais o registro abaixo, a fim de deixar claro que malucos existem no mundo inteiro.

Nomes exóticos? Ora, ora! Pois quando Nova Jersey ia pras castanhas a Paraíba já vinha dos cajus.

Na João Pessoa, da década de 50, conheci várias famílias com nome pra lá de exóticos. Uma delas fazia gosto em botar nos filhos e filhas nomes de astros de Hollywood. Eu mesmo nos meus tempos de Liceu estudei com Bette Davis e Douglas Fairbanks. Outra, em que os filhos e filhas ostentavam nomes de acidentes geográficos. "Oceano Glacial Ártico" namorava uma moça minha vizinha, era irmão de "Oceano Glacial Antártico" e primo de "Oceano Atlântico" e "Amazônia."

No entanto havia uma família cujo pai, oficial reformado do exército se comprazia em colocar nomes de, com licença da má palavra "caudilhos". Adolfo Hitler, Benito Mussolini, Estigarribia, (ex-ditador do Paraguai anos 30 e 40) Alfredo Floro, militar brasileiro, eram garotos bastante conhecidos no bairro.

No Colégio Pio X, fui colega de classe de Adolfo Hitler que vinha a ser o número um da chamada a qual não era feita da maneira habitual, mas simplesmente o Irmão Luis Barreto esticava o braço direito para cima e o pobre do Adolfo respondia como um gemido triste, um "presente" muito sem graça.

O que faz um pai dar ao seu filho nomes tão, digamos, execráveis? Soube que anos mais tarde Benito conseguiu tirar o Mussolini. Adolfo, entretanto, que terminou seus dias como Juiz de Direito, teve que amargar até o final da vida esse mal-aventurado infortúnio. No Colégio, chamávamos Hitler de Adolfo porque sentíamos o constrangimento estampado no seu rosto. Porém, por ocasião de alguma briga que o envolvia no recreio, sapecávamos cruéis, "seu Hitler safado...”

A última vez em que eu e Adolfo Hitler nos encontramos foi no início da década de 70 quando ele, repórter da Rádio Arapuan de João Pessoa me entrevistou em um bar na praia de Tambaú.

Era um domingo de carnaval.