domingo, outubro 16, 2011

Bolsas e mais bolsas


Ipojuca Pontes



O vosso governo socialista - ou, vá lá, social-democrata -, metendo a mão no bolso de quem trabalha, tem criado incontáveis tipos de “bolsas” para, entre outras coisas, manter a patuléia ignara eleitoralmente submissa. Outro dia me dei ao trabalho de fazer rápido levantamento de tais benefícios.

Eis alguns deles: Bolsa Família, Bolsa Formação, Bolsa Atleta, Bolsa Cinema, ProUni (para estudantes ricos), Bolsa Zumbi, Bolsa Terrorista (para os que empreenderam, sem sucesso, a luta armada) e, mais recentemente, Bolsa Miséria e Bolsa Verde – esta, para que os extrativistas da vasta selva amazônica não exerçam sua profissão Na exploração da floresta.

Pareceu-me bastante curioso o caso da Bolsa Pescador. Sim, ela existe e funciona da seguinte maneira: durante quatro meses, quando a pesca é proibida para fins de reprodução, o pescador recebe do governo um salário mínimo para ficar no ócio. Como não existe controle oficial, a regalia que custava R$ 81 milhões em 2003, consumirá dos cofres públicos em 2011 a quantia de R$ 1,3 bilhão, mais que o dobro do orçamento do Ministério da Pesca e três vezes mais do que rendem as exportações do pescado brasileiro no comércio global. A mamata, que começou beneficiando 113 mil pescadores, agora ultrapassa a casa de meio milhão de afiliados (553 mil), com a previsão de chegar a 639 mil bolsas ao custo de R$ 1,648 bilhão em 2012. Até 1014 é factível imaginar-se a soma de 1 milhão de beneficiários para um dispêndio orçamentário na ordem de R$ 4 bilhões. Sim, a Bolsa destinada ao presumível pescador é uma festa! Quem se habilita?


Tal como no caso dos integrantes do Movimento dos Sem Terra, boa parte dos contemplados com o Bolsa Pescador, são tudo, menos pescadores: muitos são simples biscateiros, motoristas, pedreiros, comerciantes, camelôs, desocupados em geral e até proprietários. Segundo o Ministério Público, o folgado negócio do benefício da pesca tomou conta do País. Do Caburaí ao Chui, a fraude campeia, com destaque para os estados da Bahia, Rio Grande do Norte, Pará e Paraíba, que abusam do “seguro-defeso” como instrumento de aliciamento político e compra de votos. Até Brasília, que não tem mar, é beneficiária da safadeza generalizada.


À primeira vista, o Bolsa Pescador parece um negócio escandaloso - e é. Os partidos da falsa oposição, como de rotina e aparentemente indignados, pedem investigações das “irregularidades” ao Tribunal de Contas da União (TCU) e imploram a convocação dos ministros da Pesca e do Trabalho para esclarecimentos que resultam sempre evasivos. Nada disso, está claro, comove mais a população consciente, que sabe perfeitamente que tais práticas fraudulentas formam as próprias colunas de sustentação do vosso Estado Socialista, erguido em cima da mentira e da manipulação, sem as quais seria impossível o regime sobreviver.


Ou estarei errado?

Nenhum comentário: