sexta-feira, setembro 30, 2011

A Propósito


Marcelo Alcoforado

Operadores e mandadores

Os dicionários, esses mestres silenciosos e prestativos, ensinam que operador é o que ou aquele que opera, que executa uma ação, uma pessoa encarregada de operar uma máquina, um sistema. Exemplos: operador de câmera e operador de telemarketing.

Na Aeronáutica e na Marinha, é o militar que faz comunicações pelo rádio. No cinema, o técnico que trabalha com a câmera ou, nas salas de cinema, o encarregado de fazer funcionar o projetor do filme. Pode até ser também o “operador de siga e pare”, aquele trabalhador que, na mão única das estradas em manutenção, acena uma placa ora verde ora vermelha, sinalizando que os carros devem ora prosseguir, ora parar. Ademais, é também o profissional que desenvolve certas funções, especialmente no âmbito comercial ou financeiro, como o operador de pregão ou o operador de câmbio.

Observadas essas definições, tem-se que operador é simples executante.
Deixar de ser operador e passar a ser mandador, é, provavelmente, um sonho dos que operam. Nada mais compreensível. Na linha de montagem, por exemplo, melhor que comandar a máquina é comandar a empresa, assim como é preferível ser o produtor do filme a ser o cinegrafista. Aquele sempre ganha muito mais do que este embolsa os lucros.

Há, todavia, pessoas como o publicitário Marcos Valério, que pode facilmente passar de simples operador do mensalão a protagonista. Seus mandadores são tão despojados, que lhe querem transferir a honraria de liderar uma sofisticada qua... — aliás, engenharia financeira. Querem-no protagonista, mas como será possível se, como se vê, operador é alguém de incontestável anonimidade?

Por que, então, tentam dar a um coadjuvante o “status” de protagonista, é a instigante questão.

A propósito, vale lembrar que o primeiro passo para a elucidação de um crime é ter a resposta à pergunta:

“A quem beneficia?”

Indague-se, pois: a quem beneficiou o mensalão?

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