
Téta Barbosa
Tirem as crianças da sala: o Recifolia vai voltar!
Assim anunciou o Secretário de Turismo, André Campos.
E, como Nostradamus, eu anuncio: o fim está próximo!
Para quem não é da terra, o Recifolia (que na verdade deveria se chamar AxéFolia, SalvadorFolia ou QueremosSerBaianosFolia) foi um carnaval fora de época que invadiu as ruas do Recife durante 10 longos e tenebrosos anos (1993/2003), criado pelo então Secretário de Turismo, Carlos Eduardo Cadoca (aquele do CadoCabelo, também conhecido pelos íntimos como CadoCalote).
O tal “carnaval” consistia em cordões de isolamento de blocos onde, dentro da corda, brincavam os maurícios e patrícias (todos devidamente paramentados com seus abadás e mamãe-sacodes) ao som de trio elétricos made in Salvador.
Do lado de fora, o povo! O povo, repito: do lado de FORA.
Logo foram apelidados de PIPOCA. O povo pipoca brincava fora da corda, se contentando com as esmolas deixadas pelo povo abadá: uma música ao longe ali, um mamãe-sacode esquecido no chão acolá. Se esticassem muito o pescoço, eram capazes até de ver um cantor (baiano) lá em cima do trio, ao longe.
O povo pipoca, que também pode ser chamado de povo migalha, pinoteava feliz.
Ô povo pra se contentar com pouco!
Enquanto isso, Castro Alves se revira no túmulo gritando, já sem forças: “a praça é do povo, Sr. Secretário”.
- Relaxa aí que os tempos são outros, poeta!
Esse era o Recifolia, que de RECI não tinha nada, mas que de FOLIA os empresários entediam super bem! Eita época feliz para os donos de blocos.
E, nesse clima de felicidade geral e baianice, o Recifolia vai voltar. Dessa vez, no centro histórico da cidade.
Os abadás, que parecem ter saído de moda, não estarão na versão 2012 da festa e o Secretário diz que não vai haver cordão de isolamento desta vez.
Mas dos trios e do acarajé musical, desses ele não abre mão.
Mas, tão envolvidos estão com a ocupação dos hotéis (secretário) e apuração monetária (empresários) que nem prestam atenção no que nós (o povo) estávamos tentando dizer desde 1993. Então, lá vai (pela vigésima oitava vez):
- Pessoal, pode nem parecer, mas a gente gosta de ser recifense. E gosta de frevo, e de democracia, e de tapioca, e de orquestra, e de carnaval (de verdade).
Vamos adorar o Recifolia se, no lugar de Chiclete com Banana, a gente puder dançar ao som do Bloco da Saudade e se, no lugar de abadá, a gente puder usar fantasia.
É pedir muito?
O povo pipoca agradece!
Téta Barbosa é jornalista, publicitária, mora no Recife e vive antenada com tudo o que se passa ali e fora dali. Ela também tem um blog - "Batida Salve Todos" de onde pedimos emprestado este texto.
4 comentários:
Estimada Téta e a quem interessar possa:
Essa praga baiana de carnaval fora de época, as terríveis micaretas, invadiu a região nordestina por completo. Coitados, como eu, que residimos nas proximidades dos corredores desse inferno.
São manobras do poder econômico. É a ganância pelo vil metal. O povão, miserável, faminto e sem cultura, se contenta e ainda se sente privilegiado em participar desses desmandos, nem que seja na "pipoca".
E a baianada ficando cada vez mais milionária, com a conivência dos nossos gestores.
É uma vergonha !!!!!!!!!!!!!!!!
Téta,
Que beleza! Como sempre você coloca o "dedo na ferida". MOstra mesmo qual é a verdadeira situação.
É lamentável que situações como esta aconteçam para enganar o povo, dificultando ainda mais a vida de tantas famílias. Parabéns! Márcia
Digníssima Téta:
Aqui na minha terra, João Pessoa, nos livramos dessa chaga.
Resido na Praia de Tambaú e perdí noites de sono, incomodado pela histeria provocada pela tal de "micarôa".
Era uma semana de desfile e barulho ensurdecedor que faziam essas terríveis bandas importadas da Bahia.
Aumentavam as ocorrências policiais, devido ao crescente número de assaltos, roubos de carros e até homicídios.
Mas, faz cinco anos que o gestor municipal proibiu essa festa satânica em nossa cidade.
As bandas baianas foram pousar em outras plagas.
Graças a Deus !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
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