sábado, agosto 06, 2011

A Avenida Monstro!


Téta Barbosa

Recife não é pequena. Pelo menos não é das menores.


Mas, por aqui, apenas uma e gigante avenida liga tudo a todo canto: a Agamenon Magalhães! Adriana Falcão uma vez escreveu que é a única cidade do mundo que, para onde quer que você vá, tem necessariamente que passar por uma mesma avenida. Seja norte, sul, leste ou oeste. Passa por lá.

Ela, a avenida monstro, faz parte da memória afetiva e do dia a dia agitado e engarrafado do povo caranguejo.

Quem não tem uma boa história pra contar sobre a Agamenon, bom recifense não é.

Foi lá, por exemplo, que eu fui assaltada pela primeira vez! Lá também, foi minha primeira batida, meu primeiro beijo dentro do carro, meu primeiro carro rebocado, minha primeira amizade com um limpador de vidro, minha primeira multa, minha primeira troca de pneu.

Na história do Brasil, Agamenon foi promotor, governador, ministro.

Na tradição grega, foi o herói digno e austero da Ilíada, de Homero.

Na vida real, um caos!

Não se sabe quem vem, quem vai, quem está parado, quem mora, quem sobrevive dela. Deve ser, inclusive, a maior fonte de renda do Estado.

Sombrinha cinco reais, pipoca 50 centavos, bombom de café, cavaquinho (a comida), água, porta-cd, porta-celular, porta-paciência!

Porque uma coisa que se precisa (ou melhor, precisava, no pretérito imperfeito) para passar as longas horas nos engarrafamentos, era de paciência.

A frase foi para o passado porque desde a semana passada mudaram o trânsito da Avenida Agamenon Magalhães.

Acessos foram eliminados, linhas de ônibus alteradas, giros proibidos.

O trânsito flui com uma tranqüilidade que dá medo, com uma melancolia que dá pena.

Mas, para onde foram os 85 mil carros que diariamente engarrafam nossa avenida mãe? Entraram num bueiro? Trafegam agora pelo espaço aéreo? Usam a capa da invisibilidade de Harry Potter?

Não, eles estão agora engarrafando todas as ruas laterais, paralelas e transversais que passam num raio de 5 km da Agamenon Magalhães.

Nunca tinha percebido que a Avenida Conselheiro Portela, por exemplo, era tão bonita, nem tão arborizada. Provavelmente porque nunca passei tanto tempo parada nela.

Não sei se é a aproximação dos 40, mas me apego as coisas. Coisa de gente que está ficando velha, vai saber. Me apego principalmente aos problemas. Porque problema antigo a gente sabe as estratégias pra driblar, pra amenizar.

Problema novo dá um trabalho danado pra se acostumar.

Então, sei lá, se era só pra mudar o problema de endereço, que ficasse como estava!

A matriarca Agamenon agradece!

2 comentários:

Márcia Barcellos da Cunha disse...

Téta,

Parabéns!O texto aborda com total fidelidade a triste situação que infelizmente temos que suportar.É um verdadeiro caos! Conviver diariamente com está situação abala a saúde de qualquer ser humano.
O progresso também tem o lado negativo , infelizmente.
Um abraço. Márcia Juiz de Fora-MG

Mary Caldas disse...

Téta,

É inadmissível que para se solucionar o caos do eterno engarrafamento do "meu" Recife a criatividade das autoridades ande agonizante criando novos problemas em outras plagas...
Ainda não passei por lá mas já assino embaixo. Bjk, Mary