terça-feira, julho 12, 2011

Vale a Pena Ler de Novo

José Virgolino de Alencar

Artigo publicado em 19/07/2007, quando ocorreu o acidente com o voo 3054 da TAM, em Congonhas. Com a proximidade da Copa e o persistente apagão aéreo, com os aeroportos incapacitados para receber o público de hoje, muito menos o que virá em 2014, o assunto está em pauta, porque um problema de décadas não poderá ser solucionado em apenas 3 anos. Não vamos ter solução. Teremos meia-sola, com todas as consequências nada agradáveis que virão. JVA

Vôo 3054 - um acidente anunciado

O acidente do voo 3054, da TAM, é resultado da convergência de muitos fatores, entre os quais destacam-se o apagão aéreo e a trágica situação do Brasil, pilotado por um comandante que voa num buraco negro, sem saber que botão apertar, portanto, sem rumo ou rumo a um grande desastre. Além da corrupção que causa verdadeira infecção generalizada no organismo nacional, contribui para o caos a subserviência do Governo ao capital financeiro, nacional e internacional, que exige, a todo custo, o “superávit primário” nas contas públicas e para isso são desviados os recursos da educação, da saúde, da previdência, da segurança e da infraestrutura viária, portuária, ferroviária, hidroviária, aeroviária, bem como da folha de salários dos servidores públicos.

A máquina pública virou aquela placa de mel que as abelhas constroem e o formigueiro da corrupção vem, se lambuza, e come tudo, enquanto a população fica chupando o dedo. A bandalheira atingiu dimensão tal que vulgarizou-se, está se transformando em fato comum, normal, ameaçando de ser coisa generalizadamente aceita pela inércia, que provoca a apatia, a indiferença, fazendo a festa dos quadrilheiros.

A cara-de-pau, a sem-cerimônia, a sem-vergonhice e o faz-de-conta que se é sério levam os meliantes a exibirem sorrisos e sarcasmos diante das câmeras de TV, confiados na impunidade, a novíssima figura jurídica tornada jurisprudência pelos neo-donos do Poder.

Mais de 200 brasileiros morreram pela criminosa omissão do Governo quanto ao destino do setor aéreo e de seus usuários. Foi uma tragédia anunciada, porque não faltou aviso de que aquela pista de Congonhas não oferecia condições para funcionamento. Aliás, é o próprio aeroporto que não tem mais condições de funcionar no local onde fica, densamente habitado, sendo o aeroporto mais movimentado da América Latina, operando com 50% acima de sua capacidade. É uma bomba no centro da capital paulista.

Não deram atenção aos avisos e deu no que deu, e é de se esperar mais tristes ocorrências, pela leniência, ineficiência, conveniência e indiferença do comando da nação, comando este que flutua nas benesses do Poder, cego ao mundo em sua volta.

Vôos 1907 e 3054, duas histórias para os macabros anais da aviação brasileira, ligadas pelo elo da irresponsabilidade e da incompetência, caos aprofundado pela escavação dos dutos da propina e da rapinagem dos cofres públicos.

Para as almas ceifadas no vôo 3054: Requiescat in pace, nos braços do Senhor.
Mas, a vontade era desejar: Requiescat in profundis, para os responsáveis pela tragédia.

Em 19/07/2007

Um comentário:

Unknown disse...

O Alargamento da Linha de Transgressão...

Os “delitos” que se caracterizam como transgressão e a "obediência" aos fundamentos da ordem social, são os princípios, que, na letra fria da Lei, se contrapõem a “legalidade política” por uma linha muito tênue amplamente alargada para dar passagem ao séquito de malfeitores aloprados do Neolulopoetismo.

Vê-los caminhar nessa faixa escura do aparelhamento na gestão do Governo e ou no exercício político não causa mais espanto aos hipnotizados pela “síndrome da submissão” imposta por essa “pseudoideologia do mal”. Até quando vamos nos manter indiferentes como “mercador”: olhar e não enxergar; ouvir e não escutar?

Está na hora da Sociedade estreitar essa “faixa” e barrar essa petulante caminhada dos portadores da “gene maldita” da corrupção...