segunda-feira, julho 25, 2011

Carnaval de sandices



Da Coluna do Moacir Japiassu




Deu na coluna do considerado Ancelmo Gois, sob o titulinho
Tema delicado:

Veja como é grande, hoje, o medo de ser acusado de racismo. Domingo, a Rádio Tupi do Rio transmitia Chile X Venezuela e o coleguinha Sérgio Américo disse que o Rincón em campo não era o que atuou no Brasil. "Aquele era moreno", explicou.

No que o locutor Jota Santiago o corrigiu: "Aquele Rincón era negro, não moreno". Nosso Américo se esquivou; "Isso é você quem está dizendo.".

Janistraquis acha que ambos erraram: "Considerado, o colombiano Rincón (que está bem vivo) não é nem moreno nem negro, pois assim poderia ser confundido com o ministro dos esportes, Orlando Silva; Rincón é, isto sim, um baita negão!"

A cena registrada por Ancelmo lembrou ao colunista o artigo que escreveu no Observatório da Imprensa em 26 de abril de 2005, intitulado Estupidamente corretos, o qual abriga passagens como estas:

Tudo é preconceito neste miserável país que também acredita na "inclusão social" mediante cotas para as "minorias". Não se pode mais rir, nem mesmo de si próprio. Eliminamos de nossa paisagem as mulheres feias, das quais não se pode mais falar; as gordas viraram "fofinhas"; não existem débeis mentais, nem mesmo os que nos governam, porque estes, ao lado de cegos e aleijados, são agora "portadores de necessidades especiais". No império do eufemismo em que se travestiu o país, descobriu-se ainda que veadagem é uma "orientação sexual", como se o futuro ex-machão tivesse nascido igualzinho ao Bussunda e só depois de grandinho tivesse botado as mãos nos quadris e exclamado: "Quer saber?! Agora vou dar até cair morta!..."

Ao mesmo tempo, ninguém dá a mínima para os velhos que também são gordos, carecas e baixinhos. Esta é a dolorosa porém real descrição do articulista, que pretende iniciar um movimento de desagravo à desprezada "categoria"; afinal, não existe, em nenhum anúncio de televisão, aquela jovem e maravilhosa mulher que nos seduz para uma noitada regada à bebida da moda e mais as fantasias sexuais deixadas en passant. Isso é preconceito ou não é? Cadê a cota televisiva para nós da geração Viagra?!?!?!

Enfim, só falta uma cena para completar o carnaval de sandices que nos assola a paciência: o Lula precisa pedir perdão aos índios e lhes devolver duma vez este país de merda, se me permitem o justo desabafo.

(Esclareço que o país propriamente dito não tem culpa; trata-se, como todos sabemos, daquele impávido colosso deitado eternamente em berço esplêndido. Todavia, o que fizeram e fazem dele a cada dia, nos enoja e entristece).

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