quarta-feira, junho 22, 2011

Breve ensaio de um paranoico

Breno Grisi

Paranoia é doença contagiosa?!

Amigo Hugo.

Estou indo devagar com “a coisa”, conforme você me aconselhou, quando eu te disse que estou me submetendo à “revisão dos 67mil km rodados”, estando com algumas “peças” com funcionamento comprometido! Juro que não vou mais me preocupar tanto com as mazelas brasilianas; mas necessito falar agora, só um pouquinho, da vida (consciente) de brasileiro, com a inevitável conotação política.

Tá na hora dos adeptos (sérios e honestos, talvez raros) simpáticos ao Lulismo também reconhecerem que nosso problema maior e talvez único, é a secular corrupção que entranhou em nossa cultura e não sai mais!!! Já se inseriu no nosso "imprinting" genômico, comprovando que o lamarckismo existe!!! Aqui tudo é relativo. Do Darwinismo à teoria da relatividade, de Albert Einstein, que foi comprovada no Ceará! Vejamos pequenos exemplos. É bastante conhecido o fato de que a prefeitura de Campinas (SP) sempre foi um antro de corrupção, desde Orestes Quércia, depois Palocci e agora esse prefeito corrupto que não quer largar o osso! Prontamente saiu em defesa dele o CEO (“Chief Executive Officer”) da Quadrilha do Mensalão, o famigerado Zé de Tal, que afirmou em seu blog em defesa desse novo corrupto, que "já está bom de acabar com essa história de acusar um político correto, com a desculpa de se combater a corrupção". Observação: esse bloguista cínico nunca soube distinguir político correto de corrupto!

É isso que o povo brasileiro merece, uma vez que corrupção aqui é status político (pela esperteza e cinismo) e social (pelos frutos colhidos). Mais um pequeno exemplo: está pendente no Congresso uma medida do governo para NÃO se revelar os orçamentos, licitações... das obras da copa e jogos olímpicos. Devem ser mantidos em sigilo. Parece que o "honestíssimo" Presidente do Senado é contra. Talvez porque mais adiante, quando ele ocupar novamente esse cargo, pouco antes de completar um século de existência, a "boiada vá estourar" em suas mãos!

Até na ciência temos que nos contentar com os manobristas do poder. O Ministro da Ciência, Aloízio Mercadante, deve na posição que ora ocupa livrar-se facilmente das acusações de que foi ele “o principal beneficiário e um dos arrecadadores de dinheiro para montar farsa contra José Serra, na campanha de 2006 para Presidente”, tendo essa “presepada” sido batizada de “o Dossiê dos Aloprados”. Recentemente defendeu sua tese de doutorado (que dizem ter sido um livro que ele já publicara!) perante uma banca examinadora onde só havia realmente 1 professor de economia. Outros dois “importantes” examinadores foram Delfim Neto e Bresser Pereira (imagine se ele seria reprovado!). E foi na famosa Unicamp!!!

Sobre a educação, área básica, fundamental ao real desenvolvimento do país (mirem-se nos exemplos do Japão, Coréia do Sul, China e India... que nos deixam para trás!) veja o que disse com bastante exatidão o ensaísta da Veja, J.R. Guzzo: "As autoridades que mandam hoje no ensino público nacional estão convencidas de que a função principal do MEC não é transmitir conhecimento, mas colocar a sociedade brasileira no molde político e ideológico que elas consideram ideal para o país. Em vez de ensinar, acham que a prioridade do ministério é combater o racismo, resolver o problema da distribuição de renda ou promover a 'diversidade' de preferências sexuais. ... E que os alunos têm que receber instrução politicamente 'correta' e que devem ser treinados para admirar as realizações do governo". E mais adiante ele arremata: “O primeiro resultado disso é a sequência de disparates que o MEC tem criado nos últimos tempos... [como por exemplo] da condenação por racismo da Tia Anastácia, de Monteiro Lobato, ao ‘kit’ de incentivo à homossexualidade... ideia tão ruim que o próprio governo desistiu. ... O segundo resultado... não sobra tempo para ensinar o que é o ângulo reto”. É bom ler essas críticas porque tem gente se convencendo de que a grande especialista em socio-linguística, Prof. Helena Ramos, tem razão, ao inserir numa cartilha a expressão NÓS VAI PESCAR O PEIXE; e que deve ser apreendida na nossa linguagem. Observação com fator de impacto importante: "NÓS" está escrito de maneira correta, embora o povo fale "nóis"! Observação com fator de impacto medianamente importante: quase 500 mil exemplares dessa cartilha foram publicados pelo MEC (não sei quem mais ganhou dinheiro com isso). Observação sem o mínimo impacto: até hoje não consegui imprimir nenhum livrinho sequer das quase 400 páginas do meu Glossário de Ecologia!!! Este nati-morto livrinho já está atualizado com a nova ortografia dos países lusófonos! Estou quase inserindo nele expressões do tipo: “nóis vai estudarem ecolojía”. Talvez eu consiga apadrinhamento no MEC!!!

É bem possível que esta minha reação, contra a corrupção (reação esta que espero não ser isolada), venha em mim se somatizando (que espero ser isolada); e agora, ao invés de estar passeando na europa, como fazem os aloprados do governo, tenho vivido agora peregrinando em clínicas de cardiologia, gastroenterologia... e brevemente (quem sabe?) em psiquiatria! Pelo menos tenho plano de saúde, privilégio que os milhões de brasileiros que foram promovidos de miseráveis para pobres, segundo o governo anterior, ainda não conseguiram; problema esse que o governo atual promete resolver. Rezo para que consiga.

Mencionei "psiquiatria" porque talvez esta minha insistência contra corrupção seja de origem paranoica. Explicaria isso o rótulo que me aplicou um amigo, intelectual revolucionário típico, cuja bandeira ainda é "os fins justificam os meios", ao dizer que eu sou o GHU-Guardião da Honestidade Universal; e assim, tenho que aguentar as consequências!

Não acho que tudo isso seja desabafo. É manifestação de que não compactuo com esse estado letárgico de reação à malandragem brasileira. Do futebol à Presidência da República.

Tomara que tudo isso dito acima seja apenas um sintoma de minha paranoia. E que os netos achem engraçado que no meu tempo tive tais preocupações. E que no tempo deles o Brasil esteja participando do G-8 para ditar regras e ensinar ingleses, franceses, italianos, espanhóis... sobre como se construir um país economicamente sólido e sabiamente desenvolvido. Haja fé!!!

Abração em todos (pelo cyberspace; porque paranoia pode contaminar!!!), do amigo

Breno.

Um comentário:

Hugão disse...

Amigo Breno
Se porventura receber o epíteto de maluquete por concordar com vosmicê em gênero número e grau prefiro mil vezes ser logo taxado de malucão varrido. Deixemos para os 187 milhões sadíos desta Terra das Altas Palmeiras o roubo endêmico de cada dia. Abraço. Hugo