José Virgolino de Alencar
Uma atriz de Hollywood, da velha guarda e não lembro o nome, disse a seguinte frase sobre a primeira noite do casamento: “Vamos dormir com o sonho e acordamos com a realidade”.
Millôr Fernandes, na sua genialidade e irreverência, sentenciou, dessa maneira, o casamento:
“Casamento são sete dias de prazer e o restante de problemas”.
Lembro também a conhecida frase: “A cara-metade é a metade mais cara”.
Atrevidamente, também formulei a minha frase sobre a relação conjugal: “O casamento é invenção de um ente maldoso para desunir duas pessoas que se amam”.
Claro que todas as frases acima são pensamentos brincantes dos autores, para lembrar aquele lado da união a dois, o lado da convivência do dia-a-dia de duas pessoas de sexo, mente, universo biopsíquico e personalidade diferentes, tornando inevitáveis os conflitos, desentendimentos e a singular egolatria de cada pessoa, na condição de seres humanos.
Contudo, não há dúvida de que o casamento abençoado por Deus, a lei dos homens não consegue separar, enquanto a união não sancionada pela benção do Pai nem se precisa das leis laicas para a separação de homem e mulher que se uniram sem base no amor firmemente racional.
O jovem sacerdote Reginaldo Manzotti, em sua obra “10 respostas que vão mudar sua vida”, disserta na introdução do tema:
“O casamento é uma ligação permanente de dedicação entre um homem e uma mulher, como revela a Palavra de Deus: ‘Por isso, o homem deixará seu pai e sua mãe e se unirá à sua mulher; e os dois formarão uma só carne. Portanto, não separe o homem o que Deus uniu(Mt 19,5-6).
Todos sabemos, no entanto, que a vida entre quatro paredes não é cor-de-rosa. É difícil encontrar um casal que nunca tenha enfrentado conflitos, mas isso não quer dizer que o casamento esteja fadado a não dar certo. Tudo vai depender da maneira como se lida com os conflitos: se existe comunhão com Deus, eles serão resolvidos, porque Nosso Pai é o mentor da família; Ele a planejou e quer ajudá-la a se manter.
Basicamente, o principal conflito entre marido e mulher advém do fato de um não conseguir compreender o outro, afinal, apesar de serem considerados uma só carne pela Palavra de Deus(MT 19,5-6), cada um tem seus próprios anseios e seu jeito de ser. Essas diferenças geram as brigas, que viciam e fazem perder o respeito, sendo necessário parar e refletir, procurando conectar cada atitude com a razão e o coração. O diálogo também é muito importante no casamento: é preciso conversar sobre os problemas, com maturidade e respeito, numa busca mútua por resolver a causa do conflito, e não simplesmente ‘colocar uma pedra sobre o assunto’, como se nada estivesse acontecendo. Não existe nada mais perigoso para uma relação do que acumular situações malresolvidas. Com o tempo, elas se transformam em mágoas.
Sei que muitas vezes, é mais fácil se abrir e expor seus sentimentos e dúvidas para uma pessoa de fora do que para alguém muito íntimo, que tende a ter uma visão parcial justamente por ser uma das partes envolvidas. Não é à toa que as linhas telefônicas do meu programa de rádio vivem congestionadas. As perguntas são muitas e vêm de toda parte, por isso selecionei aqui as mais recorrentes na esperança de que possam servir como diretriz para o seu caso”.
Em verdade, o tema é complexo, prefiro ficar alinhado com a posição do Pe. Reginaldo, desejar que o casamento seja eterno e, em um esforço possível, sem conflitos que desatem o nó da união sacramentada por Deus.
Eu, por exemplo, embora não queira apresentar-me como solução e verdade única para o casamento, tenho 32 anos de casado, um casal de filhos, enfrentando todas as circunstâncias citadas pelo sacerdote em sua obra, contornando os problemas com diálogo, renúncia, respeito à individualidade companheira e plena integração na fé cristã, mantenho a união com minha esposa na plena certeza de que só a morte nos separará.
Por fim, brincadeiras à parte, o casamento, como instituição sagrada, é coisa séria.
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