Breno Grisi
"...mas não reconhecer os avanços em todas áreas que o Brasil obteve nos 8 anos de Governo Lula é uma visão míope do mundo...".
Quando enviei a um amigo, e-mail mostrando a riqueza repentinamente adquirida de um dos filhos do nosso excelentíssimo Sr. Presidente da República, defendido pelo excelentíssimo pai que disse: “há gente que não suporta ver pessoas bem-sucedidas”, recebi dele uma resposta que começou com a frase acima. Daí gerou minha contrarresposta seguinte, mais angustiada do que raivosa (com certo anonimato):
Caro Amigo Cegueta:
Começo repetindo sua frase acima, esclarecendo algo que (parece) que você ainda não conseguiu perceber a meu respeito: "minha visão acurada do mundo é ESSENCIALMENTE a HONESTIDADE". Eu não sou adepto da máxima filosófica brasileira: "Político que rouba... MAS FAZ". Em termos filosóficos, eu não concordo com esse "relativismo cultural" (= antropológico; as regras morais diferem de sociedade para sociedade). Eu só acredito no "objetivismo ético" (= embora as culturas possam diferir nos seus princípios morais, alguns princípios morais têm validade universal). E honestidade em política e em qualquer outra atividade humana (antropológica), para mim deve ser universal; é prioritário e imprescindível às sociedades. É vital. E visão míope... é de quem só olha uma face da séria e ampla problemática brasileira. Dar sem cobrar. Só direitos e nada de deveres. Em outras palavras o assistencialismo NÃO SOLUCIONA. Só protela soluções. Eu sou TERMINANTEMENTE CONTRA o sistema de simplesmente dar... sem nada cobrar. Governo que assim faz, é governo que não quer extirpar desigualdade, mas tão somente manipular votos. Quem lê e se inteira dos reais problemas socio-econômico-político brasileiros sabe disso. Banqueiros cada vez mais ricos. Bancos que (dentre os que têm maiores lucros no país... mais de R$10 bilhões/ano cada um) não pagam proporcionalmente imposto de renda e devem à Previdência. E o governo cinicamente dizer que não é culpa dele!!! Impostos nas alturas e benefícios sociais na "fundura". Basta ler as notícias sobre saneamento (veja postagem no blog "www.ecologiaemfoco.blogspot.com") sob título SANEAMENTO: ESGOTO SUBTERRÂNEO E LAGOA FEDORENTA... GERAM VOTOS??? e os reflexos disso na saúde. E as notícias sobre as condições do nosso sistema de saúde. Qualidade de vida, enfim.
Se você estivesse trabalhando por aqui, no interior da Paraíba, lidando com os problemas do campo, você veria o trabalhador recusando-se a participar de preparo da terra para cultivar e colher produtos. Pra que trabalhar, se o governo dá!? Tenho tido dezenas de alunos da secretaria de agricultura e outros setores da produção, no curso de agronegócio (em que ministro aulas sobre Políticas de Gestão em Meio Ambiente) e esse tipo de relato é unânime e contínuo. Pra mim é preocupante. Além disso, queixam-se eles de que o governo não olha para a problemática maior da produção: a logística. Produtos se perdem, há encarecimento do transporte devido às estradas precárias, enfim, um atropelo na cadeia produtiva. Sobre a agricultura familiar versus agronegócio também postei comentários no referido blog (AGRICULTURA FAMILIAR VERSUS AGRONEGÓCIO: NESSA CONTENDA O PAÍS PODERÁ SER O PERDEDOR). Eu sempre digo a meus alunos, com respeito a esse assistencialismo: "meu sonho é ver o governo dar para os realmente necessitados, mas cobrando; mesmo que sejam apenas algumas atividades-mutirão para construir esgotos e salas de aula, proporcionar vida digna para as crianças... e cobrar dos beneficiados o compromisso de assistir umas aulinhas sobre higiene pessoal, alimentação adequada e outras pequenas coisas do mundo civilizado".
Quanto a sua outra afirmação "...a Justiça, que não funciona, a organização política, que é clientelista, e a nossa cultura, que acha que temos que recorrer aos políticos e agregados para resolver nossos problemas. Quem não tem exemplo disso na família". Na MINHA família isso NÃO existe. Em muitas outras, sim. Isso é real. Quem esteve aqui ontem querendo obter votos para se beneficiar de benesses políticas foi um de nossos amigos, acompanhado de dois parentes dele, muito próximos. Aproveitou a visita para conquistar votos meu, de meu filho e de meu enteado, em favor de Lula (representado por sua marionete), e para o quase permanente governador da Paraíba e um deputado que vai no mesmo caminho... fundamentado no clientelismo que você diz que é a sociedade brasileira que deve destruir, tendo ele trazido na algibeira, além de uma pilha de “santinhos” dos candidatos a velha frase: "me ajude que eu te ajudo". A expectativa deles, que aqui vieram, é ENORME. Desta vez, afirmam eles, o problema de parente e contraparente será resolvido!!! Eles que me visitaram também não estão interessados em denúncias de corrupção. O que me leva a lembrar dum personagem de humor negro, do Chico Anísio, que dizia: "Eu quero é me arrumar" (como o personagem tinha um bigodão e falava com voz bem empostada, diziam ser um senador paraibano, que nunca soube produzir nada, mas tão somente usufruir da política durante décadas).
Aqui em casa predominam eleitores de Marina Silva e de Ricardo Coutinho. E ameaças de voto nulo, se no caso da votação para a presidência houver segundo turno. Minha grande alegria é ouvir meu filho mais novo (primeira vez como eleitor) dizer: "quero vencer na vida pelos meus méritos e nunca à custa de políticos". Ouço isso também dos meus dois primeiros filhos, já casados, ambos engenheiros; assim como do meu enteado, jovem universitário de pouco mais de vinte anos de idade. É isto que me deixa FELIZ e com vontade de ainda acreditar que este país um dia irá contrariar a "sentença" de De Gaulle: "O Brasil não é um país sério". E também a máxima do grande jurista brasileiro Sobral Pinto: "O Brasil não é um país. É uma terra habitada"!!! Ou então, simplesmente, a sensação do dever cumprido, como pai e orientador na família.
Apenas uma observação sem muitas pretensões: se o bom exemplo começasse de casa, o excelentíssimo Sr. Presidente, que alega ser necessárias reformas na justiça, não permitiria que seus asseclas praticassem o que ele combatia na época de fiel guerreiro da corrupção e dos desmandos executados pelo poder vigente em sua época de "operário", já com vocação para política. No governo desse “ex-combatente” a corrupção tem tido crescimento GIGANTESCO. Batendo recorde histórico.
Eu já sabia que você não arredaria pé de suas convicções. Nesse ponto você é "obstinado que nem um americano". Sem contar com a herança genética: "os demais personagens de sua família são teimosos e só escutam o que gostam de escutar". E pra alimentar a fogueira, "eu gosto de cutucar o diabo com a vara curta".
E por falar em herança, se há sucesso em termos de política econômica, o mérito é do antecessor do atual excelentíssimo Sr. Presidente. Muitos economistas assim o dizem.
Grande abraço do seu amigo, Breno. Tudo isso não tem nada a ver com nossa amizade. Não vale a pena! Nem política e muito menos políticos (principalmente esses que você defende, provavelmente com saudades dos seus tempos de revolucionário) (olha aqui a vara curta cutucando de novo!!!).
Um comentário:
Você, Breno Grisi, é um exemplo perfeito do "ser antropológico" ao qual me refiro no texto abaixo...
Perfeição!...
O indivíduo (ser antropológico) enquanto evolui interage num tempo e espaço – seu universo – limitados por sua compreensão. Mas essas dimensões são infinitas, razão do mistério de nossas vidas, da existência de “tudo” e ou do “todo” e isso é tão real que está acima ou além do que afirmam os ramos do pensamento filosófico... ...Mas precisamos avançar na compreensão desse mistério sem divagações.
Em princípio podemos admitir que o comportamento do “ser humano” é imperfeito, mas não é... ...ao contrário é a “perfeição” que rejeitamos porque não a compreendemos... Não fosse assim como aceitar as ações e reações da evolução do “todo” se não admitimos a de uma “parte”, que somos nós interagindo?
O saber, a bondade, a benevolência assim como o egocentrismo, a soberba e a onipotência – nomenclatura consuetudinária – são partículas infinitesimais dessa perfeição não o contrário como somos induzidos a acreditar.
Os que estiverem lendo este texto devem estar pensando ou, até mesmo, comentando: esse cara é maluco; deve estar voltando, de “férias”, da Pinel; deve se achar o dono da verdade; ta “viajando na maionese”... ...Não lhes contestaria, porque estão neste contexto e aceito o que são assim como o que “sou”... ...Não posso limitar-lhes, nem a mim, num tempo e num espaço que são infinitos... ...Devemos, todos, pensar sobre isso!
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