José Virgolino de Alencar
Acho que, apesar da distância no tempo, ainda é grande o número de pessoas que lembram do episódio Watergate, quando assessores do presidente Nixon invadiram o edifício onde funcionava o comitê do Partido Democrata e fuçaram nos dados e informações eleitorais guardados na sala pertencente à oposição.
Ao pipocar nas páginas do Washington Post, o assunto terminou no impeachment de Richard Nixon e o político republicano caiu em desgraça e nunca mais foi nada na política americana.
Depois do famigerado episódio, qualquer caso de corrupção na área pública recebia, na designação jornalística, o acréscimo da palavra “gate”. Virou moda.
Tivemos, como exemplo, o Collorgate, quando também foi defenestrado por impeachment o presidente Collor.
O uso e abuso do termo terminou por retirá-lo de moda e já não se apelida mais os “Casogates”.
Porém, não custa nada, para reavivar a memória da opinião pública frente aos eventos atuais de ocorrências condenáveis, batizar os novos episódios de corrupção explícita cometidos no governo lulopetista, acrescentando a palavra “gate”.
Nesse imbróglio da ex-ministra Erenice Guerra, alguém chegou a chamá-lo de “Erenicegate”, outro, pela proximidade da ministra defenestrada com a sua ex-chefe e muitíssima amiga Dilma Rousseff, sugeriu o termo “Dilmagate”.
Ocorre que, para definir melhor a responsabilidade pelos episódios seriados da Casa Civil do governo Lula, deve ser ressaltado que os fatos subordinam-se diretamente ao chefe maior da Casa, no caso, o presidente da República. Foram tantos os negócios, as transações suspeitas, as ações de lobistas, o envolvimento de parentes e aderentes dos dirigentes que trabalham em sala contígua ao do chefe de governo, que não se pode aceitar a mera escapatória do presidente afirmando que não sabia.
A grande movimentação de pessoas que não tinham funções no governo, mas que davam verdadeiro expediente na Casa Civil, diuturnamente, renitentemente, levaria qualquer pessoa que chefia um setor público a desconfiar e discretamente averiguar e se informar do que acontecia bem diante de suas barbas.
Por isso, apesar de ser uma tecla batida, o episódio, já na casa milesimal do atual governo, não pode deixar de ser chamado de “Lulagate”, porque, seja por ação ou por omissão, ele deve ser responsabilizado e para isso se tem os instrumentos legais à disposição do Congresso Nacional, do Ministério Público e da Justiça, um conjunto de normas que permite uma ação de responsabilização do presidente da República.
Se não se consegue levar à frente o caso “Lulagate”, classifiquemos então esta nação de “Brasilgate”, ou seja, um país que tem seus princípios básicos norteados pela ativa ação dos corruptos, tem a Constituição da corrupção, onde o capítulo fundamental que abre a carta magna deve ser reescrito da seguinte maneira: “TÍTULO I - DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA CORRUPNAÇÃO”.
Assim, em obediência a essa neo-Bíblia Política nacional, ninguém denuncie ou fale sobre os atos anti-éticos, imorais, as patranhadas, as bandalheiras, enfim, o assalto ao tesouro nacional.
Será inconstitucional fazê-lo e pode dar cadeia.
2 comentários:
Olá meu amigo virtual José Virgolino de Alencar, que prazer reencontrá-lo!
Você tem toda razão no que afirma em seu texto, mas quero, mesmo, é dizer-lhe que tenho, ainda, presente na memória aquelas palavras que massagearam um ego ao ouvir apelidarem-me de “poeta”... ...permita-me, ainda, uma confissão: foram elas, junto com os acarinhamentos dos meus outros amigos “virtuais (no sentido daquilo que está predeterminado e que contém as condições essenciais à sua realização): Selma, Zinha, Sophie, João Malato, Carlos Prudente, Edna Pessoa, fmvbrito, Antonio Bandeira, que me deixaram com os “zoinhos moiados” e confirmaram o que digo em meu texto “Nossos Caminhos”, que transcrevo abaixo em homenagem a você e aos meus queridos amigos mencionados acima:
Nossos Caminhos.
Nossas vidas entrelaçam-se de caminhos: os bifurcados, os tortuosos, as subidas, as descidas, os avanços, os retrocessos; todos com armadilhas, umas que armamos outras que nos armam...
Durante nossas caminhadas enfrentamos: aragens, ventos e ciclones; garoas, chuvas e temporais; vulcões, terremotos, maremotos e tsunamis, que atravessaremos ou serão nossas últimas paradas.
Essas são as regras, de uma cartilha, que não nos foi dado o direito de rejeitá-las, pois nos colocaram compulsoriamente sem que tivéssemos opinado se queríamos ou não estar “aqui”... Encontramo-nos na situação de amar ou odiar entre os quais existe uma gama imensurável de sentimentos, que constituem as essências de nossas condutas.
O “saber” e a “compreensão” talvez sejam os únicos caminhos até o “prazer” em nossas jornadas... ...não sei se “pleno”... ...fora isso só a “amargura”... ...e eu não sou uma pessoa amarga!...
Um fraternal abraço,
Fontoura.
Espero que o amigo Delmar Fontoura, a quem admiro pelos excelentes poesias e comentários colocados nos Blogs do Noblat e da Maria Helena, leia este agradecimento pelas generosas palavras, e que ele continui firme no seu ideal, de brasileiro consciente e de sua posição cidadã, não cedendo a enganosas cantos de sereias do mar de lama da política nacional.
Abraços, amigo.
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