Ronald de Carvalho
A liberdade de imprensa se aprimora pela liberdade de errar. Jornalista não é policial, alcagüete, meganha de quartel nem delator. Sua função na sociedade é a de vigilante dos princípios éticos que sustentam as instituições.
É possível que algumas vezes, do alto da gávea, se possa bradar um “terra à vista” sem que haja terra ou se a vista estiver embaçada. Entretanto, com certeza há gaivotas no céu.
Em 40 anos de profissão, já cometi muitos erros e vi muitas imprecisões serem cometidas por jornalistas da minha geração. Apesar disso, jamais se cometeu uma infâmia. A imprensa pode ser imprecisa, mas jamais, cega, surda ou idiota. Quando comete um erro, corra, porque atrás da meia verdade dorme a verdade inteira.
O jornalismo é um vigilante de seu tempo. Cabe a ele escarafunchar o ilícito para que a Polícia, o Ministério Público e a Justiça cheguem à verdade da transgressão. Não exijam que uma reportagem seja perfeita. Ela foi feita para cometer erros.
Aos poderes públicos, pertence a função de corretor de ortografia da verdade. Todos os grandes escândalos comprovados nos últimos tempos, quando denunciados, continham erros que quase desmereciam a denúncia.
Entretanto, a partir da imprecisão, a Justiça lavou a roupa e encontrou as nódoas que envergonhavam a sociedade. Assim foi com Collor: a cascata da Casa da Dinda era uma cascatinha de jardim e, portanto, a capa da revista era cascata. Desse erro chegou-se à quadrilha de extorsão.
Da mesma forma foram as denúncias de Carlos Lacerda contra o bando liderado por Getúlio. O fato inicial não era verdade, mas chegou-se a Gregório Fortunato e a história mudou de rumo.
Aparentemente, os aloprados de São Paulo que pretendiam comprar um dossiê que incriminava seus adversários, era uma malvada invenção da imprensa. Entretanto, uma foto retratando um morrote de dinheiro ilustrou a primeira página dos jornais e jogou uma eleição presidencial para o segundo turno.
Assim é a imprensa: se nutre do erro, para cevar a verdade. Aos tiranos ocorre o pavor à liberdade de errar para que, pelo silêncio, manipulem a verdade. Nesta penúltima semana de setembro, a revista Veja publica um artigo do sociólogo Demétrio Magnoli que é aula a quem pretende exercer, eleger, entender ou criticar o poder.
O título A Liberdade Enriquece mostra a conservadores, revolucionários, mentes lúcidas ou idiotas em particular que a liberdade de expressão transita por qualquer regime que realmente procure a justiça das sociedades.
Rosa de Luxemburgo, a Passionária polonesa que tanto inspirou as esquerdas do século vinte, é citada para reproduzir um mantra que define a liberdade. ” Liberdade somente para os partidários do governo não é liberdade. Liberdade é sempre a liberdade daquele que pensa de modo diferente”.
Como se não bastasse tamanho soco que nos faz acordar para a responsabilidade social, o artigo nos premia com a pérola de uma frase, que se bem pensada, nos leva à emoção: “Liberdade não é um artigo de luxo, um bem etéreo, desconectado da economia. Liberdade funciona, pois a criatividade é filha da crítica”.
Enquanto isso, nos porões da estupidez e na catacumba da inteligência há quem continue a afirmar que há excesso de liberdade de expressão no Brasil e que aqueles que estão no poder são a opinião pública.
Leiam, estudem, pois ainda há tempo.
Ronald de Carvalho é jornalista
Um comentário:
“Jornalistas” são aqueles que honram a nobre profissão e aqueloutros que a deslustram, estes os que cooptam as causas do momento surreal que presenciamos no exercício da política? Ora, mas por quê! Porque esses “agentes orgânicos da Imprensa”, submetidos ao aparelhamento do Governo Lula, resolveram, também, exercer a liberalidade dessa ética, onde cada um constrói a sua.
Se o Jornalista é esse agente, como admitir-se dele essa liberdade se até ao mais alto Mandatário do País são impostas regras para professar suas preferências por postulante a cargos? Qual será a razão?
Tenho certeza que a Imprensa ética não participa dessa promiscuidade, mas aquela, ou aquele, que se submete ao mesmo tempo rasga os conceitos dos princípios e dos ideais democráticos.
Agora, nesse momento, só sentem “dor” porque pisaram nos seus “pés”. Enquanto pisavam - cotinuam pisando - nos “pés” da “moralidade e da ética da política”; da Correção Moral, da Compostura, da Decência, da Dignidade, da Nobreza, da Honradez e do Pudor Ético que constituem a essência do Decoro, em qualquer Dimensão do Tempo e do Espaço da “Coisa Pública” nada fizeram, ou melhor, fizeram sim: deram luz ao “maquiavélico sequestrador de almas”, que mantém os incautos submetidos à “Síndrome de Stocolmo” escudado “nos agentes dessa Imprensa”, que agora choram e pedem abrigo sob o “Manto que ajudaram deixar roto sem condições de nos cobrir”, quando deveriam se “penitenciar exercendo seu verdadeiro papel”!
Ainda há uma “BOIA” a espera que “essa Imprensa” nade até ela, mas faça agora e rápido, só restam dez dias!...
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