quarta-feira, agosto 25, 2010

A tarde, no futuro



Celso Japiassu



A tarde redescobriu a sombra

alimentada pela noite

como faz todos os dias.



As gaivotas, no espaço

obstruido pelo vento,

voam no deserto.



Bicam o ar e a travessia

se faz sobre o naufragio

de arcabouços antigos.



Nesta moldura,

um vulto cai sobre o vazio

e paraliza o instante.



Na memória,

cresce a bruma

e um canto agudo,



envolto em teias,

escorre sobre o mar

a sua trama.



Uma pétala se move

na encosta de um monte

escalado pelo vento.



O frio envolve as palavras

e o futuro

cai no esquecimento.

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