
Valdez Juval
Nos fundos lá de casa tinha um pequeno quintal agregado, com uma cerca de arame farpado. De fruteiras, apenas uma cajazeira, bem frondosa, que sombreava quase toda a área. Frutificava muito na época própria.
O terreno era íngreme e lá no fim, parecendo um ferro de engomar, oferecia o melhor espaço para se permanecer em céu aberto, protegido do sol.
As minhas irmãs brincavam com bonecas e separavam os espaços no chão de areia solta como se fossem divisórias de uma casa.
Estávamos em época de férias escolares e uma prima que morava na capital, fora passar aquele São João conosco. Participava da brincadeira com as irmãs. Era a de mais idade e, em conseqüência, a mandona de tudo. Menina bonita, descendente direta de italianos, já bem desenvolvida, com aqueles seios bem delineados e saltando de uma blusa singela de tecido fino e transparente.
Seus olhos azuis reluziam. Seus lábios carnudos, tentadores, davam a forma da boca atraente e sensual.
Eu não entendia muito dessas coisas de pecado mas o meu corpo já tremia quando se deparava com algo que esquentava o sangue e a cabeça começava a perder o juízo como se alguma coisa de estranho estivesse por acontecer. Era uma época perigosa, ouvia dizer, principalmente na fase que freqüentava aulas de catecismo, preparatórias para a primeira comunhão.
E ela me beijou.
Quanto infeliz ainda sou por não ter correspondido aquele beijo!
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