segunda-feira, maio 17, 2010

O QUINTAL DE MINHA CASA


Valdez Juval


Nos fundos lá de casa tinha um pequeno quintal agregado, com uma cerca de arame farpado. De fruteiras, apenas uma cajazeira, bem frondosa, que sombreava quase toda a área. Frutificava muito na época própria.

O terreno era íngreme e lá no fim, parecendo um ferro de engomar, oferecia o melhor espaço para se permanecer em céu aberto, protegido do sol.
As minhas irmãs brincavam com bonecas e separavam os espaços no chão de areia solta como se fossem divisórias de uma casa.

Estávamos em época de férias escolares e uma prima que morava na capital, fora passar aquele São João conosco. Participava da brincadeira com as irmãs. Era a de mais idade e, em conseqüência, a mandona de tudo. Menina bonita, descendente direta de italianos, já bem desenvolvida, com aqueles seios bem delineados e saltando de uma blusa singela de tecido fino e transparente.
Seus olhos azuis reluziam. Seus lábios carnudos, tentadores, davam a forma da boca atraente e sensual.

Eu não entendia muito dessas coisas de pecado mas o meu corpo já tremia quando se deparava com algo que esquentava o sangue e a cabeça começava a perder o juízo como se alguma coisa de estranho estivesse por acontecer. Era uma época perigosa, ouvia dizer, principalmente na fase que freqüentava aulas de catecismo, preparatórias para a primeira comunhão.

E ela me beijou.

Quanto infeliz ainda sou por não ter correspondido aquele beijo!

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