terça-feira, maio 18, 2010

GOLPE NA LÓGICA

José Virgolino de Alencar

A troupe de Lula insiste no argumento, sem o mínimo de cabimento, de que há golpe em marcha contra o Governo(?) do PT, golpe partindo da direita.

A enganação: todas as forças populares que combateram a ditadura militar, junto com o PT, decepcionadas com os descaminhos do governo Lula, ou já saíram do petismo, ou estão desembarcando da canoa furada, e num curto prazo mais gente pulará fora, restando só os que estão mamando nas tetas do Tesouro.

Por outro lado, as correntes que deram toda cobertura ao fechado regime militar, sob cerrado tiroteio do PT, ou já entraram no governo, ou estão se pendurando nas beiradas da canoa para subir nela, e num curto prazo mais gente, autenticamente conservadora, reacionária, direitista mesmo, pulará dentro do barco, restando só os que não querem mais nada com nada, estão perto de embarcar é para outra vida.

Quem, então, dará golpe no Governo Lula, os ex-aliados que não dispõem nem de meios, nem de espírito e disposição golpista, ou os que, mesmo sendo figadalmente golpistas, por estarem sendo beneficiados, afagados por Lula, são neo-aliados e não vão perder a mamata dos ganhos financeiros astronômicos, dos ganhos oriundos da corrupção que corrói o caixa público, e, portanto, não darão golpe em si mesmos e nos seus interesses?

Quais são essas forças ocultas e fantasmagóricas que os petistas vêem manobrando golpes, se as forças verdadeiras, vivas, palpáveis, corrompidas e golpistas por vocação, estão bem acolhidas no Palácio do Planalto e nos Ministérios, entregues que estão a esses aliados para usarem e abusarem das verbas ministeriais, impunemente?

Ora, o sistema financeiro, nacional e internacional, ganhando os maiores juros reais do mundo, praticados aqui no Brasil, darão golpes num governo que para eles é uma mãe a lhes oferecer mamas para sugarem, saciarem, relaxarem e gozarem? Também não.

Um governo que tem como aliados Sarney, Collor, Maluf, Jader Barbalho, Romero Jucá, Renan Calheiros, ou seja, a fina-flôr do golpismo e da corrupção, deve se considerar blindado contra golpes e não temer qualquer ressurreição de ditadura de direita, porque a direita é sua base mais forte de sustentação. Nada melhor para a direita do que ganhar muito dentro de uma democracia liberal como a do Brasil. Faz com que os seus ilustres e condestáveis integrantes juntem toda a riqueza da nação em suas mãos, deixem os que conhecem a safadeza, mas não têm poderes para obstaculá-la, gritarem, criticarem, porque isso ajudará os dominadores na exibição cavilosa da liberdade que engana bem, ao proporcionar o direito de gritar enquanto tomam o pão de quem grita, sufocando a renda e a remuneração do trabalho, isto sim, um golpe baixo.

Nesse prisma, vão os lulistas bradando contra o falso golpe, afagando exatamente os golpistas, colocando-os habilidosamente debaixo de suas asas, empurrando os problemas da nação com a barriga e mantendo seus privilégios sob a forma de sinecuras na máquina governamental.

Falar em golpe de Estado no Brasil de hoje é golpear a lógica e o bom-senso. Mas, se se falar em golpe amanteigadamente democrático, aí estar-se-á dentro da lógica, quando a "fodernidade" do neo-petismo está dando uma bela fornicada, à lá Calheiros, na "viúva" complacente que é a "hacienda" brasileira.

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