Hugo Caldas
A ex-ministra Dilma Rousseff, agora candidata sagrada e abençoada por Lula à Presidência da República, andou falando que "o Brasil sempre teve homens no comando da nação (sic), agora o país está preparado para ter uma mulher como presidente." Cuido que a "cumpanhêra," andou gazeando as aulas de História ou não deve ter-se dado conta até a presente data que a princesa Isabel foi uma mulher. Uma mulher admirável, por sinal.
"Isabel Cristina Leopoldina Augusta Micaela Gabriela Rafaela Gonzaga de Bragança e Bourbon," este é o nome completo (não codinomes) de Isabel a Redentora, princesa brasileira, nascida no Palácio de São Cristóvão no Rio de Janeiro. Isabel é chamada de A Redentora por ter abolido a escravidão no Brasil. Filha do Imperador D. Pedro II e da Imperatriz Teresa Cristina, Isabel assumiu por três vezes a regência do império durante as viagens do monarca ao exterior. Ao todo a Princesa substituiu o seu Augusto Pai por mais de dois anos, ou seja, um período superior aos mandatos dos senhores (triste memória) Jânio Quadros e Fernando Collor, juntos.
Durante a sua primeira regência entre 1871 e 1873, Isabel do Brasil sancionou a Lei do Ventre Livre, através da qual libertava os filhos que nascessem de mãe escrava. Seu segundo período na regência ocorreu quando da viagem de Pedro II aos Estados Unidos em 1876 como convidado à Exposição Internacional da Filadélfia. Na terceira oportunidade como regente, o imperador se encontrava no Egito exercendo uma das suas atividades favoritas, a fotografia. Isabel mesmo a contragosto, queria que os escravos fossem qualificados e não soltos no mundo ao Deus dará, de cambulhada, sancionou a lei que aboliu a escravidão. A Lei Áurea, foi assinada em 13 de maio de 1888, um domingo e tanto o gabinete quanto a Princesa estavam trabalhando. A decisão lhe valeu a condecoração Rosa de Ouro, outorgada pelo papa Leão XIII e a perda de um Império.
A princesa foi também a primeira senadora do Brasil, cargo a que tinha direito como herdeira do trono assim que completasse 25 anos de idade, segundo a constituição do Império do Brasil de 1824. Isabel possuía formação completa em Química e nutria profundo interesse pelas questões ligadas ao desenvolvimento da educação no país, especialmente a educação pública.
Seu casamento com um estrangeiro, o Conde d'Eu, um fascistão de quatro costados, impopular até a medula muito contribuiu para a derrocada da monarquia. Com a proclamação da república, a Família Imperial partiu para o exílio na Europa. Nos últimos anos de vida, pela imensa dificuldade em se locomover, Isabel era empurrada numa grande cadeira de rodas pelos corredores e salões do castelo d’Eu. Faleceu em 14 de novembro de 1921 aos setenta e cinco anos de idade sem jamais haver retornado ao Brasil.
Para quem não sabe, a Princesa Isabel foi a primeira cara-pintada do Brasil. Diz a lenda que ela jamais esqueceu o país e os negros a quem libertou. Em uma celebração na embaixada inglesa em homenagem ao sete de setembro brasileiro, ela mexeu os pauzinhos para ser convidada e compareceu em grande estilo porém, com o rosto todo pintado de preto em protesto pelo que os negros vinham passando no Brasil.
Com a morte do Imperador, seu pai, em 1891, Isabel torna-se chefe da Casa Imperial do Brasil e a primeira na linha sucessória ao extinto trono imperial brasileiro, sendo considerada, de jure, Sua Majestade Imperial, Dona Isabel I, Pela Graça de Deus, e Unânime Aclamação dos Povos, Imperadora Constitucional e Defensora Perpétua do Brasil. O período de Isabel foi um marco importante, na história do Brasil, pelas decisões avançadas que a Princesa assumiu.
A declaração da ex-ministra Dilma Roussef, carece portanto de fundamento e falta ao respeito para com o passado do país. Tampouco é justa com as mulheres. Ninguém pode nem deve assumir a presidência de qualquer cargo simplesmente por ser mulher. Certas mulheres privilegiadas que representam a modernidade, a sensatez, o progresso, a inteligência, nunca usaram a sua condição feminina como catapulta para o seu projeto de vida.
As pessoas capacitadas vencem por seus próprios méritos. Nenhuma mulher se torna presidente da república, ou de uma empresa, juíza, piloto de avião, ou inspetora de quarteirão apenas por não ser homem. Elas conquistam essas posições e sobem na vida por seus próprios méritos, medidos por padrões que valem tanto para homens quanto para mulheres.
Receio que a ex-ministra Dilma, ou devo chamá-la: Luiza, Patrícia, Vanda, ou Estela - aqui são codinomes - ainda tem muito o que aprender. Primeiramente a falar. Falar muito, ex-ministra. Mostrar a que veio. Mostrar a sua plataforma. Não a do sapato ou a da Petrobrás, evidentemente. Imprescindível enterrar de vez as aspirações estatizantes do atual ocupante do Palácio do Planalto e seus aspones mais achegados. Deixar de ser boneco de ventríloquo já terá sido uma grande vitória.
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4 comentários:
Huguíssimo
Ducacete o post sobre Isabel. Mulherzinha arretada a dita cuja, e muito pouco conhecida no país dos desdedados. Como já disse uma mulher (não me lembro quem, ah! memória que me foge...) "a mulher que quer vencer como um homem tem, no mínimo, falta de imaginação". O que me parece abundar na fala da candidata do Planalto...
"O período de Isabel foi um marco importante, na história do Brasil, pelas decisões avançadas que a Princesa assumiu..."
Disseste-o bem meu caro editor. Ela assumia de verdade o comando do império. Nada a ver com os "vices" desse triste país.
Caríssimo Sr. Dom Hugo, na ocasião em que o comprimento, quero informa-lo que ontem a noite já dei minha espiadinha no Blog, é já vi a matéria que escreveste com essa de quem não ouso pronunciar o nome, no entanto deliciei-me com a bela fotografia da Redentora e tudo que a define como uma grande mulher alem de seu tempo, fiz mais.... Babei com teu sonho, voçê é capaz de emocionar profundamente emanando toda essa grandeza desse imenso coração que de tão forte lhe arrasta o ar dos pulmões. Meu caro se voçe não fosse Pereira, com certeza seria ...NÃO Terias que ser PEREIRA. Essa que te mandei foi do Rubens Sales, Abraços na tropa, gravei a fotografia da neta, pra galeria do Engenho.
Perfeito esse Blog!
Melhor pra mim que lido com turismo e desconhecia o fato da cara-pintada da Princesa Isabel, imagino até a cena.
Melhor dizendo ela, a princesa Isabel, a Redentora é digna de aplausos de pé por toda a população brasileira.
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