terça-feira, março 16, 2010

O valioso tempo dos maduros

Mário de Andrade

Contei meus anos e descobri que terei menos tempo para viver daqui para a frente do que já vivi até agora. Tenho muito mais passado do que futuro. Sinto-me como aquele menino que recebeu uma bacia de cerejas. As primeiras, ele chupou displicente, mas percebendo que faltam poucas, rói o caroço.

Já não tenho tempo para lidar com mediocridades. Não quero estar em reuniões onde desfilam egos inflamados. Inquieto-me com invejosos tentando destruir quem eles admiram, cobiçando seus lugares, talentos e sorte.

Já não tenho tempo para conversas intermináveis, para discutir assuntos inúteis sobre vidas alheias que nem fazem parte da minha. Já não tenho tempo para administrar melindres de pessoas, que apesar da idade cronológica, são imaturos.

Detesto fazer acareação de desafectos que brigaram pelo majestoso cargo de secretário-geral do coral. "As pessoas não debatem conteúdos, apenas os rótulos". Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos, quero a essência, minha alma tem pressa...

Sem muitas cerejas na bacia, quero viver ao lado de gente humana, muito humana; que sabe rir de seus tropeços, não se encanta com triunfos, não se considera eleita antes da hora, não foge de sua mortalidade. Caminhar perto de coisas e pessoas de verdade. O essencial faz a vida valer a pena.

E para mim, basta o essencial!

4 comentários:

Carlos Mello disse...

Hugão, data venia, sou capaz de apostar que o texto postado no blog e atribuído ao Mário de Andrade, não é dele, mas de algum babaca, que escreveu e fez essa gracinha. Não tem nada a ver com o estilo do Mário, que não choramingava essas tolices. E escrevia muitíssimo bem, com graça, com inteligência e com profundidade. Esse texto aí está mais pra Paulo Coelho...
Carlos

Mary Caldas disse...

Hugão
Que importancia tem se o texto é de autoria do Mário de Andrade ou não?
O valioso tempo dos maduros é belo pela verdade do cotidiano de pessoas que fogem do besteirol, do inútil.
Já valeu ainda que fosse de um anônimo.

Hugão disse...

Carlos
Acho que a errata está se confirmando. Recebi o texto da Aline e fui pesquisar na net pois algo também me dizia que não era do Mario de Andrade. Eis que descobri um Blog "Direito e Avesso" que confirmava a autoria do Mario. Alertado por vosmicê retornei à net e descobri outro Blog "Leni David - DeTudo Um Pouco" onde lança mais desconfiança. Se lhe interessar coloque na janelinha do Google: Mario de Andrade - O valioso tempo dos maduros - e procure por esses dois Blogs. Até o Blog do Hugão está por lá. Já há quem diga que o texto é de Rubem Alves e um senhor chamado Ricardo Gondim reclama a autoria. E agora?!

Carlos Mello disse...

Se é do Rubem Alves, não sei. Do Ricardo Gondim, também asseguro que não. O texto dele, semelhante a esse, intitula-se "Estou cansado!" e dirige-se ao mundo evangélico. Agora, o tira-teima, no caso, tem de ser alguém da área de Letras - Literatura Brasileira. Tem alguém aí conhecido que possa fazer isso? Eu continuo firme achando que NÃO é do Mário, não só pelo estilo, mas pela babaquice. Mário jamais abordou temas de enfado e desilusão, e muito menos de forma melosa. Nas cartas dele, há queixas, mas sempre bem-humoradas e cheias de sabedoria. Talvez isso provoque uma polêmica e esclareça o assunto. Meu pedido: nunca caia nessa de publicar as coisas somente confiado na fidedignidade do remetente. Toda semana recebo textos bobocas e piegas atribuidos a Drummond, Neruda, Bandeira! Poxa, mais respeito com os poetas!