domingo, março 14, 2010
Narrar a Notícia - Viver a Notícia
Do Blog "Generación Y" de Yoani Sánchez, famosa Blogueira cubana que anda tirando o sono e o apetite dos Irmãos (metralha) Castro. Guillermo "Coco" Fariñas é mais um "mercenário à serviço dos Estados Unidos que está se deixando morrer em greve de fome," ou "fazendo teatro," na douta boutade do nosso guia. HC.
Yaoni Sánchez
"Contar o que doi, escrever sobre aquilo que sentimos, tocamos e sofremos, transcende a experiência jornalística para se converter em um testemunho de vida. Há uma grande diferença em escrever sobre um homem em greve de fome e o ato de tocar em seus ossos que sobressaem do seu corpo. Não há entrevista que possa reproduzir a tristeza nos olhos de Clara, a esposa de Guillermo Fariñas ao explicar para a sua filhinha que o papai está doente do estomago razão porque enfraquece diariamente. Tampouco uma grande reportagem conseguiria descrever o pânico causado por uma câmera que, distante uns cem metros da casa de Fariñas, observa e filma quem passa ou se aproxima do número 615-A da Rua Alemán.
Coletar dados, compilar fatos e ouvir gravações, não conseguem transmitir o nauseante fedor do Corpo da Guarda para onde transferiram, ontem, Fariñas. A mim se torna insuportável a culpa por haver chegado tarde para pedir-lhe que voltasse a comer, e convencê-lo a evitar que a sua saúde sofresse danos irreversiveis. Durante a viagem, na estrada, alinhavei algumas frases para convencê-lo a não ir até o final, mas antes de entrar na cidade, um SMS me confirma a sua hospitalização. Estava pronta para lhe dizer, "Já conseguiste, já fizeste que eles tirassem a máscara" mas em vez disso tive que falar palavras de consôlo para sua família, sentada na sala da casa do humilde bairro de La Chirusa.
Por que as coisas chegaram a tal ponto? Por que fecharam todas as portas do diálogo, do debate, da divergência sadia e da necessidade da crítica? Quando acontece esse tipo de protesto que envolve estómagos vazios, temos que questionar se os cidadãos têm outra maneira de demonstrar a sua discordância. Fariñas sabe que jamais lhe darão um minuto sequer nas rádios, que os seus princípios não serão levados em conta em nenhuma reunião ministerial e que a sua voz não poderá erguer-se, sem nenhum castigo em praça pública. Se negar a comer foi a forma que ele encontrou para demonstrar o desespero de viver sob um sistema que instituiu a mordaça e a máscara em suas "conquistas" mais perfeitas e acabadas."
"Coco" não pode morrer. No grande cortejo funerário aonde vão Orlando Zapata Tamayo, a nossa voz e a soberania dos cidadãos que há pouco foram assassinados... já não cabe mais um morto.
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2 comentários:
Hugo
"Dói só de ver a foto dele. Escrevi isso aí embaixo. Vê se presta".... Aline
Tanto prestou como foi postado. É isso minha amiga, vamos ter que aguentar mais essa. Hugo
Amigo, infelizmente o Coco deve morrer. Porque para o governo cubano, assim como pra Lula, Niemeyer, a besta do Frei Betto e Chico Buarque, ele é apenas Cocô. Mas devemos fazer onda, repassar, mandar abaixo-assinados pra embaixada de Cuba. V. leu a coluna da Miriam Leitão de ontem (sábado)? Muito boa, vale a pena repassar no brogue. Carlos Mello
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