Ipojuca Pontes
Mergulhada num eterno mar de corrupção e sufocada por ondas sucessivas de escândalos, Brasília vai completar 50 anos no próximo 21 de abril. Os principais veículos da mídia cabocla estão faturando alto com anúncios programados pelo ora trancafiado (ex-) governador José Roberto Arruda, que, entre outras bravatas, diz ser a cidade artificial uma das “mais admiráveis do mundo”.
No recente carnaval do Rio, os bicheiros da Escola de Samba Beija-Flor também não se deram mal, faturando a partir de contrato com o GDF mais de R$ 5 milhões para o desfile do samba-enredo “Brilhante ao sol do novo mundo, Brasília do sonho à realidade, a capital da esperança”.
Na onda das festividades, o insaciável Arruda, homem para quem a política é a melhor forma de se navegar na lama, tratava também de trazer à Capital Federal, por alguns milhões de Euros, o ex-beatle Paul McCartney - queria ouvir de perto “Yesterday”.
Por sua vez, como a cultura no Brasil vive sempre farejando “bons negócios”, vários cineastas tupiniquins, permanentemente ativos na “captação” das perdulárias verbas públicas, trataram de articular projetos cinematográficos para louvar a Jóia da Coroa. O próprio Carlos Diegues, o velhíssimo Cacá, prefaciador de indigente livro de José Roberto Arruda sobre a mãe de Glauber Rocha (“Lúcia – A mãe de Glauber” - Geração Editorial, São Paulo, 1999), já havia se reunido em Brasília com o governador “mensaleiro”, tramando a produção de filme milionário para “celebrar” os 50 anos da “Capital da Esperança”.
Não sei se os leitores sabem, mas Brasília nasceu de um porre. O negócio foi assim: em abril de 1955, Juscelino Kubitschek, então candidato à presidência da República, saltou na pequena cidade de Jataí, Goiás, para fazer discurso de campanha. Lá para tantas, no final do comício, entre promessas, acenos e sorrisos, JK foi interrompido por um popular - o Toniquinho da Farmácia - que estava completamente embriagado. Sem se agüentar nas pernas, voz pastosa, a folclórica figura jataíense provocou o candidato:
- “Se vosmecê for eleito vai mudar a Capital Federal para o Centro Oeste, conforme reza a Constituição de 1891?”.
Tomado de surpresa, Juscelino, raposa velha, improvisou:
- “Sendo um preceito constitucional, daria, sim, os primeiros passos neste sentido”.
Mas logo depois, enxergando na provocação do bêbado um “negócio da China”, passou a fazer dela o cavalo de batalha do seu “plano de metas”.
Ninguém contesta hoje que Brasília é uma cidade visceralmente corrupta – páreo duro para Sodoma, a urbe que, segundo relato bíblico, por excesso de corrupção foi destruída por bolas de fogo e enxofre enviadas pela vontade divina. Para construí-la Juscelino, sujeito totalmente irresponsável, imprimiu dinheiro sem fundo, pediu empréstimos em larga escala e estourou inúmeros orçamentos, fomentando gastos colossais que levaram o país à inflação galopante e, por extensão, boa parte da população pobre à miséria brutal.
Na nova capital, o próprio JK incrementou um regime de privilégios e negociatas que fez de Brasília símbolo da degradação nacional. Para povoar o serrado desértico, ele importou do Rio uma burocracia sedenta de benesses, mais tarde transformada em nomenclatura despótica, a produzir, em ritmo alucinante, tão somente - papel, discursos e impostos.
(Neste universo degradante, fechado sobre si mesmo e afastado do trabalho produtivo, a padrão da moralidade pública viu-se reduzido à zero. Basta observar: transpira no lugar uma atmosfera diuturna de subornos, propinas, traições, mentiras e conchavos os mais indecentes, capaz de atordoar o próprio Demônio. Por conseqüência, convive-se neste ambiente doentio com elevados índices de alcoolismo, dependência tóxica, loucura, suicídio, prostituição, adultério, cleptomania, ociosidade e, inevitavelmente, o apelo à prática da baixa magia – esta, consagrada pelo rito do sacrifício animal).
Em retrospecto, no ano de 1961, Jânio Quadros – um louco de pedra - tomou posse do governo em Brasília prometendo prender JK, mas, de porre permanente, terminou por condecorar o sanguinário “Che” Guevara e renunciar ao cargo com 7 meses de mandato.
Por sua vez, ainda em Brasília, feito presidente, o latifundiário Jango, parceirinho de comunistas históricos (“Com Goulart em Brasília, nós já estamos no poder” - Luiz Carlos Prestes à revista “Manchete”, em junho de 1963), ao tentar golpear a nação e transformá-la numa república “popular sindicalista”, levou-a aos estertores – o que obrigou a milicagem de plantão, na base do contragolpe, a tomar o mando político do país.
Com o Marechal Castelo Branco em Brasília, estancado o drama da subversão janguista, vieram as cassações e a pretensão de se manter o poder sem a legitimidade do voto, o agitprop da subversão comunista, o AI-5 de Costa e Silva, as guerrilhas terroristas de Marighela e Fidel Castro, o vigoroso governo Médici e a estupidez estatizante de Geisel, Golbery e Figueiredo - generais “simpatizantes da esquerda” que devolveram o poder à mesma corriola vermelha pré-64.
Já na transição para a sôfrega “Democracia Permissiva”, Zé Sarney, o Impostor, típica flor do lodo brasiliense, não só estuprou a nação com a hiperinflação de 3% ao dia, como ajudou, pela inépcia, a eleger Collor de Mello, o “Caçador de Marajás”.
Figura insensata e vã, Collor de Mello, de formação 100% brasiliense, foi deposto do poder por causa de um Fiat Elba, indício, para o PT (bons tempos, hein!), de “grossa corrupção”. Seu sucessor, Itamar Franco, o “Inocente Inútil”, além das tolices de praxe, apenas adubou o terreno para o sociólogo Fernando Henrique Cardoso, marxista protetor de banqueiros e criador do Proer e outros bichos arrepiantes.
Por fim, este velho senhor, sempre lépido e falante, depois de oito anos de poder, passou a bola para Lula, o Messiânico, afinado instrumento do totalitarismo petista, cujo governo já contabiliza para mais de 3 mil escândalos, todos rigorosamente impunes, entre os quais o do mensalão – modelo seguido ipsis litteres por Zé Arruda, o governador delinqüente.
Para concluir, eis o que previ sobre o “futuro de Brasília”, conforme solicitado por um editor de jornal do Rio, ainda a ser publicado (ou não): “Nada indica que Brasília mude de rota ou padrão ao completar meio século de existência. Pelo contrário. A perspectiva inelutável, nas próximas décadas, com gente da estatura de Dilma Roussef e congêneres no comando, é que a cidade se torne ainda mais sinistra, totalitária e deletéria, fazendo do resto do país refém de sua infinita miséria moral, política e ideológica, como bem evidencia o Programa Nacional de Direitos Humanos – o famigerado PNDH3 – assinado por Lula”.
PS - Alguns “formadores de opinião” têm por hábito tratar Brasília, ironicamente, como a “Ilha da Fantasia”. Nada mais irreal. Ali ninguém sonha com nada, tudo é muito concreto, na base do toma lá da cá. O mero voto aliado é trocado por rios de dinheiro e sua burocracia está sempre ávida por novos tetos salariais, isonomias e privilégios mesquinhos. Não é em vão que, sem produzir nenhuma riqueza socialmente útil, detenha há anos a maior renda per capita do país – hoje quase o triplo da renda nacional: R$ 37, 700 mil.
Um comentário:
Com perdão da má comparação, mas Brasília é uma rameira, concubina dos corruptos.
Assim, o filme é: Lula, o filho de Brasília!
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