domingo, dezembro 20, 2009

Mais Atual Impossível

O texto final deste vídeo é de autoria de Rui Barbosa. Pouca gente tem conhecimento de que o citado texto é apenas parte de outro maior feito com o intuito de desancar a República recém-proclamada e da qual o eminente jurista já dava sinais de descontentamento. Hoje, com a leitura dos textos de Rui, tomamos conhecimento que as falcatruas já eram uma realidade há muito tempo. Pobre Pindorama! H.C.

Aqui o texto principal:

"A falta de justiça, Srs. Senadores, é o grande mal da nossa terra, o mal dos males, a origem de todas as nossas infelicidades, a fonte de todo nosso descrédito, é a miséria suprema desta pobre nação. A sua grande vergonha diante do estrangeiro, é aquilo que nos afasta os homens, os auxílios, os capitais.

A injustiça, Senhores, desanima o trabalho, a honestidade, o bem; cresta em flor os espíritos dos moços, semeia no coração das gerações que vêm nascendo a semente da podridão, habitua os homens a não acreditar senão na estrela, na fortuna, no acaso, na loteria da sorte, promove a desonestidade, promove a venalidade, promove a relaxação, insufla a cortesania, a baixeza, sob todas as suas formas.

Essa foi a obra da República nos últimos anos. No outro regime (Monarquia), o homem que tinha certa nódoa em sua vida era um homem perdido para todo o sempre, as carreiras políticas lhe estavam fechadas. Havia uma sentinela vigilante, de cuja severidade todos se temiam e que, acesa no alto (o Imperador, graças principalmente a deter o Poder Moderador), guardava a redondeza, como um farol que não se apaga, em proveito da honra, da justiça e da moralidade

"De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto".

Rui Barbosa ocupou o cargo de Ministro da Fazenda no Ministério do Governo Provisório (1889-1891), presidido por Deodoro da Fonseca. Ministério este que abrigava republicanos históricos, além dele mesmo, notáveis como Silveira Lobo Ministro do Interior, Campos Sales na Justiça, Quintino Bocaiúva no Exterior, Demétrio Ribeiro, na Agricultura e Comércio, Wandenkolk, na Marinha e Benjamim Constant no Ministério da Guerra.


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