quinta-feira, julho 16, 2009
JÓIA RARA
POEMA DO ADOLESCENTE CLEMENTE ROSAS RIBEIRO
Chega com a tarde
uma imensa vontade de fazer versos
e a lembrança de que a noite,
com seu abraço morno,
porá fim à nossa muda espera
e afogará nossas aspirações.
Como um cântaro boiando na espuma,
jazerá a lua em meus olhos liquefeitos
e a neblina da tarde e a neblina da noite
diluirão meu rosto em perfume
que a brisa da manhã conduzirá.
O frio e a chuva virão sem demora
encolher-me os ombros, gelar-me o peito.
Meu coração estará quieto e sozinho,
perdido, irremediavelmente perdido,
no espaço sem luz da noite morta.
(Extraído da antologia Geração 59)
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