Quem paga é você

MARCUS ARANHA

No fim de abril o senador Cristovam Buarque apresentou em plenário a possibilidade de fechar o Senado Federal, questionando a necessidade dele ou não.

Buarque, um dos que ainda se aproveita como político, deve estar com drama de consciência, participando de uma instituição, onde campeia uma bandalheira das mais grossas já vistas neste país.

A coisa veio á tona quando se descobriu que o diretor geral Agaciel Maia possui em Brasília uma mansão, casa que é um verdadeiro paraíso, avaliada em 5 milhões de reais e que não está registrada em cartório em nome dele. O problema é que o que o homem ganha não dá pra comprar metade de um palácio desses.

Depois veio o escândalo da hora extra. Durante o recesso, quando nenhum senador trabalhava, o Senado pagou R$ 6,2 bilhões a 3.883 servidores a título de “horas extras”. Ora, os caras já não trabalham quando o Senado funciona, imaginem o que fazem quando o dito cujo está em recesso com a maioria das portas fechadas! Meu Deus! Pra que hora extra?!

Mas, tem mais! Um total de 9.512 funcionários, ativos, aposentados e pensionistas, nesta mesma época, recebeu R$ 83.4 milhões de “ajuda de custa”. Essa grana não constou nos contra cheques dos favorecidos. Foi paga por debaixo do pano. Pode?

Mas, nem chegou a esfriar os bilhões da hora extra e da ajuda de custo, lá vem a notícia comprovada que o Senado possui 181 diretores, mais de dois para cada senador, que somam um total de oitenta e um. Uma esculhambação nunca vista.

Imagine uma fundação, uma organização, qualquer coisa assim, com 81 membros superiores com direito a voz e voto, e com 181 diretores para assessorá-los e cujas diretorias abrigam centenas de funcionários!

A safadeza é tão grande que, “envergonhado”, Sarney anunciou que vai reduzir os diretores a vinte. Imagine! As atribuições de 181 diretores serão realizadas folgadamente por vinte deles!

E a imprensa continuou a escavacar o “terreno” do Senado...

E descobre que é hábito entre os senadores fretar jatinhos para viagens particulares. O senador é convidado pra uma inauguração em Luzilândia, no Piauí, (foi o caso do senador Heráclito Fortes). Em vez de tomar um avião de carreira, bilhete de passagem por menos de mil reais, sai de Brasília instalado num jatinho ao custo de mais de 28 mil reais! Como o avião tem mais de seis lugares, pode levar dois amigos e umas três garotas de programa (só o que não falta em Brasilia; lá, é coisa que chove!) pra animar as coisas depois dos discursos da inauguração. E a farra toda é paga pelo Senado com dinheiro vindo de impostos que sai do nosso bolso. Ou seja, quem paga é você!

Mas, há cerca de dez dias a Folha de S. Paulo divulgou e comprovou que, em 2008, o Senado gastou R$ 8,6 milhões com o pagamento de contas de telefones celulares de seus senadores. A média é de R$ 6.126, por mês, para cada senador.

Pense você, com uma conta de celular de mais de 6 mil reais por mês!

E a última podridão exposta ao país é Senador pagando empregada doméstica através do Senado. Sem comentários...

Eis o nosso Senado Federal, onde, 81 homens eleitos “democraticamente”, praticamente, decidem sobre os destinos deste país, ou seja, como devemos proceder na condição de cidadãos.

Devem ter como máxima “faça o que digo, e não o que faço”!

Porque se fôssemos tomar como exemplo a maioria dos nossos Senadores seria melhor “fechar” o Brasil.

Marcus Aranha é médico e escreve no "O Correio da Paraíba"