quinta-feira, agosto 14, 2008

"Romeu & Julieta" em Dona Inês


Guy Joseph

Por volta do longínquo ano de 1850, vaqueiros que procuravam bois desgarrados, avistaram fumaça que se erguia ao pé de uma grande rocha. Achando estranho foram verificar o fato e encontraram embaixo de um cajueiro uma mulher branca e um escravo. Ela se dizia senhora de um engenho em Pernambuco e se chamava Inês. Os vaqueiros logo desconfiaram que ela estivesse fugindo.

Aos poucos, o lugar foi sendo frequentado, pois a mulher e seu escravo serviam alimentação para os viajantes, que se deliciavam com o sabor da comida da D. Inês. Em vista do acontecido o lugar ficou conhecido como Serra de Dona Inês. Com o tempo a história foi sendo esquecida, mas o nome de Dona Inês se conservou até hoje. Dessa mulher e do escravo ninguém mais ouviu falar. Próximo ao local existia um poço com água de ótima qualidade onde os vaqueiros e viajantes que ali passavam se serviam. Pouco tempo depois começaram a surgir alguns sítios e fazendas, na região.

A primeira casa do povoado foi construída pelo padre José Teixeira e a capela foi erguida em 1905 em homenagem a Nossa Senhora da Conceição. A emancipação política se efetivou no ano de 1959. Ao visitarmos a cidade de Dona Inês, procuramos conhecer melhor a história da fundação do Município e verificar o que era lenda, acontecimentos ou fatos reais, que nos desse alguma pista, para desvendar parte da memória local. Infelizmente, sabe-se muito pouca coisa.

Segundo relatos orais, Dona Inês seria a filha de um poderoso Senhor de Engenho de Pernambuco, que se apaixonara por um negro escravo. Este, temendo ser morto pelo pai da moça, resolveu fugir. Dona Inês o acompanhou na fuga, tendo os dois enamorados chegado a um local, onde existiria um Quilombo. Por estar acompanhado de uma mulher branca, o escravo fugitivo não pode ser acolhido pelos irmãos de raça, ficando o casal acampado às margens de um lago, no pé de uma serra, quando foram vistos por tropeiros e viajantes.

A história ou lenda é muito interessante e contém todos os ingredientes de um romance, que poderia ser bem trabalhado, para chamar a atenção para a cidade de Dona Inês, atraindo investimentos, visitantes e turistas. Esse tema daria para ser transformado em filme ou novela, bem ao estilo de “Romeu & Julieta”, resgatando a memória do surgimento da localidade.

Atualmente, o local denominado pelos habitantes, como Recanto de Dona Inês, encontra-se em acelerado processo de destruição patrocinado por uma pedreira, que faz a extração e exploração de rocha, para transformação em paralelepípedos e brita.

Lamentavelmente, uma parte da história de Dona Inês, pode virar pó.

Nota: Texto extraído do site "Sim, Paraiba" que vocês poderão acessar na lista de LINKS, alí do lado direito de quem vai! H.C.

3 comentários:

ecologiaemfoco disse...

Muito interessante o comentário do conterrâneo Guy Joseph sobre as origens do Recanto de D. Inês.
Ah! se filmar fosse só uma câmera na mão e uma idéia na cabeça!!!
Uma curiosidae: quem nasce em D.Inês é chamado de ...???

Anônimo disse...

Meu caro Breno Grisi: sei que filmar, não é só, uma camera na mão e uma idéia na cabeça... aliás, esse conceito equivocado, que formou uma multidão de "cineatas" (com uma camera na cabeça e uma idéia na mão), graças a Deus está sepultado.
A minha intenção, ao sugerir trabalhar o tema, era no sentido de provocar o interesse e a curiosidade das pessoas, para que se pesquisasse a história e isso pudesse resultar, no final, em algum texto que pudesse se tranformar em roteiro cinematográfico. Com seriedade. O financiamento poderia vir das Leis de incentivo à cultura do Minc, junto com a prefeitura local. Afinal de contas, inúmeras são as Prefeituras, que gastam verdadeiras fortunas, contratando as horrorosas bandas de forró de plástico! Bem que poderiam financiar o resgate de sua própria memória e história.
Os cidadãos de Dona Inês, se auto denominam de donainesenses.
Um grande abraço
Guy Joseph

Anônimo disse...

Pôxa muito interessante essa idéia de se fazer um documentário sobre a história do surgimento de nossa cidade. Eu seria umvoluntário para qualquer que fosse a minha colaboração. Esse assunto me fascina