quinta-feira, março 13, 2008
EPISÓDIOS DA VIDA ESTUDANTIL: DO GINASIAL AO COLEGIAL
Breno Grisi
EPISÓDIO I - O INÍCIO NO GINÁSIO. Se a escola antiga era mais alegre, como afirmou o ex-aluno dos anos de 1950 e nosso amigo, Hugo Caldas, e até o caminho para ela mais poético, eu diria que o colégio e o caminho para ele, era tudo isso junto e mais: um emocionante desafio e descobertas sobre o ser humano, num mundo novo. O desafio começava com o exame de admissão ao ginásio: provas escrita e oral das matérias vistas no primário. As descobertas eram as novas matérias (latim, francês, inglês, ciências) e os professores (uma gama variada de bons e maus mestres, uns exigentes e outros do tipo “corre-frouxo”, uns sisudos e outros pitorescos, uns fascinantes e outros entediantes... e assim por diante). Era puxado! Quem se lembra da Crestomatia e dos livros de latim (Ludus Primus, Secundus etc.) que o diga!
No curso ginasial no Colégio Pio X podia-se seguramente dizer que os egressos da escola de D. Tércia Bonavides estavam preparados para tudo. Segue-se uma pequena amostragem de alunos e fatos que ajudarão o leitor a comprovar a “animação” que reinava nos anos 1955-62 naquele Colégio.
Na primeira série ginasial, em 1955, havia um irmão Marista, de baixa estatura, de olhar esbugalhado, por trás de óculos com lentes grossas, agitado e um tanto quanto abusado. Talvez, mais pelo abuso do que pelo “zoião”, logo recebeu o apelido de irmão Mutuca. Um dia ele resolveu implicar com meu grande amigo Milton Cartaxo (personagem importante de episódio aqui narrado anteriormente). Esse docente (segundo narrativa da época), estando em pé diante da turma e acusando Milton de perturbador, chamou-o para perto de si. E estirando o braço e o dedo indicador, apontou-lhe a saída da sala, encaminhando-o à Diretoria. Mas não se deu conta de que seu dedo chegou perto do rosto de Milton que prontamente o mordeu. A gritaria da turma deu o toque final de animação.
No ano de 1957, na terceira série ginasial, meu colega de turma Antonio Faustino Cavalcante de Albuquerque Neto, um primo meu que, com um nome deste tamanho só poderia ser chamado de “Tonhinho” (em bom “paraibanês), era riquíssimo em idéias, ou melhor, astúcias. E um dia, sugeriu-me que nos livrássemos de uma aula chata do irmão Luiz Barreto (canto orfeônico), gazeando a aula (o pior “crime” estudantil da época) para irmos admirar a paisagem mais linda de João Pessoa (segundo ele). Era, nada menos, do que subir na torre da Igreja Batista, na Av. Getúlio Vargas, que naquele ano estava em fase final de acabamento. Burlando a atenção de um operário, concentrado na pintura, subimos por escadas internas até a base da torre; e através de uma portinha de acesso para o topo, vislumbramos a parte oeste da nossa querida terra natal, da Lagoa até o centro histórico e os manguezais do rio Paraíba. Era de fato, a João Pessoa mais linda, que jamais tinha visto! Mas o encanto foi quebrado por um senhor de paletó-e-gravata, que lá de baixo gesticulava e esbravejava, provavelmente dizendo
– Desçam daí, sêos moleques!
Não tenho muita certeza, mas acho que era o pastor Firmino. Minhas pernas bambeavam na descida, certamente devido à forte carga de adrenalina (no dizer dos jovens de hoje), produzida por essa aventura desvairada. Esgueirando-se, conseguimos escapar.
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Um comentário:
Bem feito que o Pastor Firmino os colocou nos conformes. Concordo que deve ter sido mesmo um deslumbramento ver a cidade por esse ângulo. Discordo da aula chata do Irmão Luis Barreto, malgré um suposto "affair" com o jardineiro, história muito mal contada. Ainda bem que já estava no Recife. Fiz parte do Coral do Pio X regido pelo Irmão Barreto, com muito orgulho. Tenho uma foto do Coral completo, 110 vozes, tirada na Praça da Independência em frente ao colégio. Nela aparecem figuras célebres daquela rapaziada dos final dos anos 50. Meu abraço. Hugo
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